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CotidianoMulheres que não adotaram sobrenome do marido têm alta de 27,6% em Campinas

Mulheres que não adotaram sobrenome do marido têm alta de 27,6% em Campinas

Para historiadora, adoção de sobrenome está ligada ao símbolo de posse; veja levantamento

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Jornalista Ana Laura e o noivo: ela não vai adotar o sobrenome dele após o casamento (Foto: Arquivo Pessoal)

O número de mulheres que não adotaram o sobrenome do marido após o casamento subiu 27,6% em Campinas, de acordo com dados dos Cartórios de Registro Civil.

O levantamento da Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo) a pedido do acidade on Campinas compara os primeiros seis meses de 2021 ao mesmo período deste ano.

No ano passado, 1.024 mulheres casaram e não adotaram o nome do parceiro em casamentos heteronormativos. Já neste ano, o número passou para 1.307 – alta, então, de 27,6%.

OS DADOS

Mulher que adotou o sobrenome:
2021 – 1821
2022 – 1844

Alta de 1,2%

Mulher que não adotou o sobrenome: 
2021 – 1024 
2022 – 1307 

Alta de 27,6%

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ESCOLHA

A jornalista autônoma Ana Laura Rodrigues Dellapina, de 26 anos, decidiu não adotar o sobrenome do marido, André. Eles se casam no final de julho e, de acordo com ela, a ideia partiu do noivo.

“O meu sobrenome (Dellapina) é muito importante para a história da minha família. E o André sempre soube disso. Inclusive, ele vai passar a ter o sobrenome também. Então, meu nome vai permanecer igual e o dele vai acrescentar Dellapina”.

NO BRASIL

A mudança cultural foi captada pelos Cartórios de Registro Civil em todo o país. Segundo levantamento divulgado na semana passada houve, nos últimos 20 anos, uma redução de mais de 24% no número de mulheres que adotam o sobrenome do marido depois do casamento. Em 2002, 59,2% das mulheres faziam essa opção.

A partir daí, no entanto, os cartórios começaram a registrar uma queda paulatina. Em 2010, este porcentual já era de 52,5%. Atualmente, equivale a 45% dos matrimônios – índice ainda considerado alto.

NA HISTÓRIA

Do ponto de vista prático, trocar o sobrenome envolve grande burocracia. Historicamente, é um atestado da submissão feminina.

“No dia a dia, às vezes não damos muita importância ao sobrenome das pessoas, mas especificamente no momento do casamento é um dos elementos mais importantes, que tem uma carga emocional grande e um simbolismo de posse bem importante”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Gustavo Fiscarelli. “É um dado central decidir que nome assinar a partir do casamento.”

Mais do que um símbolo de posse, explica a historiadora Mary Del Priore, o nome do marido pode indicar que a mulher é incapaz de gerir sua própria vida.

“Nós herdamos isso do direito romano; mais do que posse, indica a noção de incapacidade, de que a mulher era uma incapaz. Ela tem o nome do homem porque ela é como uma criança”, explica a historiadora, autora de Sobreviventes e Guerreiras: Uma Breve História da Mulher no Brasil de 1500 a 2000 (Ed. Planeta). “O Concílio de Trento (1545 -1563) amarra essa ideia quando organiza a família patriarcal e dá direito de vida e morte da mulher e dos filhos ao homem.”

O QUE DIZ A LEI

Até 1977, quando o divórcio foi aprovado no país, adotar o sobrenome do marido era a regra do casamento. Após a aprovação da lei, no entanto, tornou-se facultativo. A Constituição de 1988 igualou os direitos de homens e mulheres. Finalmente, o Código Civil de 2002 permitiu que o homem adotasse o sobrenome da mulher. (Com informações da Agência Estado)

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