O número de caminhões multados por excesso de peso nas rodovias da região de Campinas cresceu de forma expressiva no ano passado e no início deste ano. Dados do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) mostram que, em 2023, o número de autuações mais do que triplicou quando se comparado ao ano anterior, com um aumento de quase 250% (veja mais abaixo).
Existe uma legislação que aborda sobre o limite de peso que pode ser levado na carga dos caminhões. O transporte em excesso prejudica não apenas a qualidade do asfalto, como também pode fazer com que o veículo acabe tombando e cause acidentes nas vias, além de acarretar num aumento na cobrança dos pedágios.
Aumento nas multas por excesso de peso
Em toda a região de Campinas, há oito pontos de pesagem fixos e móveis espalhados por sete rodovias. Veja a diferença na quantidade de multas por excesso de peso nos caminhões que passaram pelas balanças nos dois últimos anos:
- 2023: 1.786 multas por excesso de peso
- 2022: 511 multas por excesso de peso
Quando comparado os quatro primeiros meses deste ano, com o mesmo período de 2023, a quantidade de multas foi quase três vezes maior, diferença de 194%:
- 2024 (janeiro a abril): 756 multas
- 2023 (janeiro a abril): 257 multas
Riscos da carga em excesso
A capacidade e limite de carga permitidas variam conforme o tipo e a quantidade de eixos dos caminhões. Quem não cumpre a legislação fica sujeito à multa e pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação), podendo chegar a uma infração gravíssima ou até mesmo à perda da carteira de motorista.
O especialista em trânsito, Celso Arruda, explica os prejuízos ao trafegar com excesso de peso nas rodovias.
“O caminhão com excesso de peso danifica o pavimento das rodovias. Com isso, as rodovias, quando vão negociar com o governo, cobram um valor mais alto de pedágio. Essa deterioração coloca o motorista em risco, já que dirigir em uma estrada esburacada é pior. O caminhão também se desgasta mais rápido, fica sem freio mais rápido, mais sujeito a tombamento em uma curva, tudo gasta a mais”, afirma.
Reclamações dos caminhoneiros
O caminhoneiro Valderi Godoi de Gouveia já tem mais de 15 anos de estrada, e conta que sempre se atenta em relação ao peso do que transporta. Mas, mesmo assim, ele relata que já teve vezes que acabou sendo autuado por excesso de peso no caminhão.
“Às vezes você vai viajar para longe, em cinco balanças a pesagem dá certo, mas aí chega em uma que dá errado [atesta excesso de peso]”, conta. Essa mesma situação de diferença na pesagem também é vivenciada por outros motoristas.
Antônio Pinheiro fala que, dependendo do tipo de carga, acaba pesando mais em uma parte do caminhão que na outra, e dependendo do eixo a balança acusa excesso. Ele também relata sobre a questão do dinheiro recebido pelo caminhoneiro, que varia dependendo da quantidade de peso levado.
“Tem muito autônomo que necessita carregar um pouco a mais para levar um pouco mais de dinheiro para casa. É muito constrangedor para o cara falar que não vai carregar porque pode levar multa”, afirma.
O que diz o DER?
Em resposta à EPTV, o DER explica que segue as orientações da portaria 268/2022, da Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), que define o limite máximo de peso para cada tipo de veículo, de acordo com as especificações técnicas e dimensões.
O departamento orienta as empresas para os riscos associados ao excesso de carga, que prejudica a segurança dos usuários ao acelerar o desgaste do pavimento das estradas, reduzir a estabilidade dos veículos e aumentar a probabilidade de acidentes.
*Com informações de Júnia Vasconcelos/EPTV Campinas
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