Após a confirmação de casos e uma morte no estado de São Paulo da nova variante BQ.1 da covid-19, associada à alta de casos da doença em outros países, a médica infectologista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Raquel Stucchi tirou dúvidas sobre este momento da pandemia – incluindo se é preciso voltar a usar a máscara. Confira abaixo:
– Qual a diferença dessa nova variante para as anteriores?
Raquel Stucchi: A variante que está circulando agora, a BQ.1, é uma variante que se transmite mais e que parece que as medicações usadas para a prevenção, os anticorpos monoclonais e os antivirais, são menos eficazes para esta nova variante.
– Qual a preocupação dessa nova variante?
Raquel Stucchi: Com a circulação desta nova variante, a grande preocupação é que, não só com o aumento do número de casos, mas também que possamos ter um aumento de hospitalização nas pessoas que tem risco de ter doença grave. Elas são as pessoas não vacinadas, incluindo crianças.
A gente entende que pessoas não vacinas são todas as pessoas acima de 18 anos que não tomaram as quatro doses da vacina. Pacientes diabéticos, pacientes obesos, os idosos e os imunossuprimidos, mesmo que adequadamente vacinados, também têm maior risco.
– Qual a recomendação em relação a vacinação?
Raquel Stucchi: As pessoas que não estão totalmente vacinadas devem procurar as unidades básicas pra atualizar a vacinação (atualmente na 4ª dose). As vacinas disponíveis protegem contra as formas graves da doença e contra a hospitalização, o que diminui o risco de morte mesmo com a infecção causada pelas novas variantes.
– Devo voltar a usar máscara de proteção?
Raquel Stucchi: Pessoas que, mesmo que vacinadas e têm risco maior de adoecimento, como idosos e imunossuprimidos – que são as pessoas que estão tratando câncer, as pessoas que são transplantadas, as pessoas que têm HIV, além das pessoas diabéticas e obesas – todas elas devem voltar a usar máscara, principalmente em lugares fechados ou lugar aberto com aglomeração.
– E a quinta dose da vacina?
Raquel Stucchi: O esquema básico para todos acima de 18 anos contempla as quatro doses de vacina. A quinta dose ela só está indicada para os imunossuprimidos. Então, quem tem câncer, quem foi transplantado, quem toma medicação que diminui a defesa do organismo. Ela (a quinta dose) não aumenta a proteção para as outras pessoas que não fazem parte deste grupo.
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A VARIANTE
Anteontem (9), a secretaria do estado de Saúde de São Paulo confirmou a primeira morte por covid-19 no Estado causada pela nova variante BQ.1. A secretaria já havia confirmado dois casos na capital dessa nova versão da ômicron na manhã de terça-feira, mas não tinha divulgado o óbito.
Conforme o secretário, a vítima é uma mulher de 72 anos, moradora da cidade de São Paulo e que vivia acamada. “Era uma paciente que já tinha comorbidades. Não temos o detalhamento neste momento da condição vacinal, mas a vigilância epidemiológica está analisando as informações”, afirmou ele à imprensa durante evento de inauguração do Instituto Perdizes, unidade do Hospital das Clínicas voltada para atendimento de dependentes químico
O secretário afirmou ainda que o Estado está analisando e fazendo sequenciamento genético de outros casos para verificar se a nova variante já infectou mais vítimas. Ele ressaltou a importância de todos completarem o esquema vacinal, especialmente neste momento de introdução de nova variante no País e alta de casos.
“Tivemos muitos pacientes que deixaram de fazer a 4ª dose e, dessa forma, não estão idealmente protegidos, principalmente em relação às novas variantes. Atualizar a sua condição vacinal é a melhor forma de proteção da covid e de suas variantes”, alertou Gorinchteyn, que é médico infectologista.
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