Um fenômeno no céu chamou a atenção dos moradores de Campinas na manhã desta sexta-feira (14). O dia até amanheceu com sol entre nuvens, mas já cedo uma nuvem de tempestade causou “riscos” no céu e fechou o tempo logo em seguida, trazendo chuva para algumas regiões.
Em diversos pontos da cidade, moradores registraram as “linhas” parecendo divisórias no céu da cidade. Junto com os riscos, uma imensa nuvem escura avançou sobre os bairros.
O meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp, Bruno Bainy, explicou que o fenômeno foi de uma “nuvem prateleira”, ou em inglês “shelf cloud”, também chamada como “nuvem arco”, que está associada a chegada de tempestade.
“É uma nuvem prateleira que vem associada a uma tempestade que está avançando e chegando em Campinas. É uma linha de instabilidade que se formou na noite de ontem no Oeste do Estado, na madrugada cruzou o Estado e chegou com algumas horas de antecedência em relação ao que estava esperando. Essa nuvem também é uma nuvem acessório como chamamos, que vem associada a nuvem de tempestade, que é a cumulonimbus”.
Bruno explicou que as “linhas” vistas no céu são decorrente da interação entre o ar frio da tempestade e o ar quente que estava sobre a região.
“Essa formação de nuvem prateleira ocorre quando a gente tem o deslocamento de uma tempestade. Ela se forma do lado para onde a tempestade está avançando, no caso da vindo do Oeste para o Leste, e já chegou em Campinas. Ai forma essa abinha, que é fruto da interação do escoamento do ar. Então a gente tem um ar mais frio que rescinde da nuvem da região afetada pela tempestade e o ar do entorno da tempestade, que é mais quente, e está subindo. Então forma essa prateleira, essa linha dessa interação, que é do ar frio associado a tempestade e do ar quente que está no redor”, explicou.
E TEM RISCO?
A chegada da nuvem literalmente fechou o tempo em Campinas, deixando o céu escuro em poucos minutos e causando preocupação com a anunciação da tempestade.
“A nuvem prateleira em si é inofensiva. Ela é uma formação ocorre da interação do escoamento do ar relativo a tempestade. O risco principal é com relação a tempestade que vem por detrás. Nesse caso é uma linha de instabilidade, tipicamente associada a rajada de vento, chuva intensa e muitas vezes volumosas e descargas elétricas”, reforçou Bruno.
Segundo o meteorologista, o fenômeno não é tão raro, mas é preciso condições ideais pra que ela ocorra – em geral, com tempestades bem organizadas (abrangentes) e com deslocamento.
NÃO É NUVEM ROLO
Apesar de lembrar a “nuvem rolo”, fenômeno também decorrente dessa interação entre o ar frio e ar quente, relativo à tempestades, Bruno explicou que a nuvem rolo fica destacada da nuvem de tempestade, já a nuvem prateleira fica “colada” na cumulonimbus, como o que aconteceu nesta sexta em Campinas.
FRENTE FRIA
Segundo o Cepagri, a linha de instabilidade já chegou à região de Campinas, e é associada a chuva forte, rajadas de vento e descargas elétricas, com ciclo de várias horas.
“Essas chuvas deverão ocorrer na forma de pancadas ou temporais com picos de intensidade, e momentos de chuva leve a moderada”, informou o Centro. As temperaturas ficam entre 19ºC e 27ºC nesta sexta-feira.
Em entrevista ao acidade on, o meteorologista do Cepagri, Bruno Bainy, explicou que a condição ainda não traz frio intenso.
“Não vai produzir aquele impacto de queda de temperaturas aqui na região. Em princípio, o principal efeito causador das chuvas, que nós devemos ter principalmente entre sexta e sábado, é decorrente destes sistemas meteorológicos em altitude. Eles coincidem com a passagem da frente fria e atuam juntos, favorecendo o desenvolvimento de nuvens de chuva de forma mais generalizada”, relatou.
Para o sábado, a tendência para é de predomínio de céu nublado, com rápidos e ocasionais períodos de sol entre nuvens, e chuvas a qualquer momento do dia, sobretudo na forma de pancadas isoladas. As temperaturas ficam entre 19 e 26ºC.
“Há indicativos que sugerem possibilidade de chuvas intensas e volumosas entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, que podem resultar em transtornos como pontos de alagamento e enxurradas”, indicou o Cepagri.