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CotidianoObjetos encontrados no antigo prédio do DOI-Codi serão analisados pela Unicamp

Objetos encontrados no antigo prédio do DOI-Codi serão analisados pela Unicamp

Escavações de estudo desenvolvido pela Unicamp, UFMG e Unifesp também localizaram registros de contagem de dias de cárcere e cerca de 300 objetos

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Um trabalho pioneiro no Brasil busca encontrar materiais que revelem como funcionavam os porões da Ditadura Militar. Possíveis indícios de sangue, inscrições em uma parede e cerca de 300 objetos, como um pente, um tinteiro, uma sola de sapato e um jornal, foram encontrados durante escavações arqueológicas no antigo prédio do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na capital.

Todo o material recolhido por pesquisadores da Unicamp, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) serão analisados pela Unicamp. Apenas os objetos com possível material orgânico de origem humana, que será analisado pela Unifesp.

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O DOI-Codi foi um dos órgãos responsáveis pela prisão e tortura de opositores ao regime militar brasileiro (1964-1985), a estimativa é que mais de sete mil pessoas tenham sido torturadas em suas instalações. Localizado no bairro Vila Mariana o endereço hoje abriga o 36° Distrito Policial, da Polícia Civil.

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“O material que vem para o LAP (Laboratório de Arqueologia Pública da Unicamp) é o material que não é potencialmente orgânico humano. Todo ele será analisado pela equipe do LAP e nós vamos oferecer cursos para que os alunos possam fazer as análises conosco”, afirmou Aline Carvalho, professora da Unicamp e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam), que atua no projeto.

Quanto ao material que pode ser sangue, ainda é preciso uma análise laboratorial, já que o luminol, produto utilizado para identificá-lo, reage também com outras substâncias.

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“O luminol reage com qualquer substância que contenha ferro em sua forma iônica ou cobre. Ele reage com o sangue porque a hemoglobina tem ferro. Mas não reage apenas com materiais biológicos. Por essa razão, é possível haver um falso positivo e, portanto, são necessárias análises laboratoriais para a avaliação dos vestígios”, explica Claudia Plens, professora da Unifesp e arqueóloga que coordena a investigação forense.

Plens também falou sobre as inscrições encontradas na parede de um banheiro, uma espécie de calendário.

“Uma pessoa provavelmente estava fazendo a contagem do tempo em que esteve aqui presa. Tem dias da semana, mês… Essas inscrições são interessantes e também temos depoimentos de pessoas que se lembram da inscrição, complementando a história.”



Imagem de cima reação do luminol indicando possível indício de sangue; abaixo, inscrições na parede de um banheiro do antigo prédio (Foto: Aline Carvalho)

Os materiais encontrados na investigação arqueológica englobam: vestígios que podem ser sangue, inscrições em parede de banheiro simulando um calendário, papéis de bala, sola de sapato e um tinteiro no local onde os presos eram fichados.

O trabalho de arqueologia ocorreu entre 2 e 14 de agosto, quando os pesquisadores realizaram escavações e utilizaram técnicas forenses. Antes dessas atividades, integrantes do Grupo de Trabalho (GT) Memorial DOI-Codi fizeram entrevistas com antigos presos políticos, contribuindo assim para reconstruir a memória sobre o local e guiar os trabalhos.

Desenvolvimento da pesquisa

O DOI-Codi foi reconhecido como sítio arqueológico em 2020, conforme comentou a coordenadora do GT, Deborah Neves. Para obter o material encontrado no local do antigo centro clandestino, os pesquisadores realizaram o processo arqueológico de decapagem, além de se basearem em fotografias aéreas e plantas de arquitetura para conduzir as investigações.

Também foi utilizado um georadar, que permitiu que eles entendessem as modificações que o complexo sofreu ao longo dos anos. De acordo com os registros, os primeiros prédios construídos no espaço que o centro clandestino divide com a delegacia em atividade foram a própria unidade policial e um outro, que fica aos fundos.

Era nele que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, do Exército, ficava com a família, eventualmente. Ambos teriam sido edificados em 1962, já em 1973 foram erguidos os outros dois que completam o conjunto de prédios.

Para tentar lidar com as dificuldades de verba, a equipe do estudo tentou reunir esforços de voluntários para desempenhar as tarefas previstas no cronograma. Foram selecionadas 16 pessoas para ocupar as vagas, de um total de 90 candidatos. Parte dos voluntários ainda irá auxiliar na coleta de depoimentos de presos políticos, parentes de vítimas e outras pessoas que testemunharam os abusos de autoridade cometidos pelos militares e seus aliados.

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