Um homem e uma mulher, pai e filha, foram detidos em Portugal no início deste mês, suspeitos de participarem de um esquema de golpe envolvendo aluguel de carros na região de Campinas. O esquema fez vítimas nas cidades de Hortolândia e Sumaré, resultando em um prejuízo estimado em mais de R$ 40 milhões.
As locadoras de veículos operavam em Sumaré e Hortolândia entre os anos de 2019 e 2022. A empresa encerrou suas atividades, deixando cerca de 800 clientes prejudicados. Cláudio Roberto Reis, de 50 anos, e Thalita Reis, de 29 anos, já tinham mandados de prisão emitidos pela Interpol por associação criminosa e fraude qualificada. Acredita-se que o golpe funcionava em um esquema de pirâmide.
A dupla foi detida pela Polícia Judiciária na cidade do Porto em 10 de abril. Durante o depoimento, eles disseram que moram em Portugal há dois anos, onde ele trabalha como mecânico de automóveis e ela como vendedora de celulares. Eles ainda alegaram que não podem retornar ao Brasil devido a ameaças de morte.
A reportagem da EPTV acompanhou o caso em 2022, quando o 2º Distrito Policial de Hortolândia iniciou a investigação da suposta fraude na locação de veículos. A Polícia Civil brasileira deu início às investigações em Hortolândia, e os agentes portugueses cumpriram os mandados de detenção emitidos pela Interpol.
A dupla era procurada por associação criminosa e fraude qualificada. O esquema teria causado um prejuízo de R$ 43 milhões entre março de 2019 e junho de 2022.
Como funcionava o golpe?
Segundo as investigações, eles operavam a partir de Hortolândia por meio da empresa RT&T Rent a Car, uma locadora de veículos. No endereço da empresa, hoje em reforma, há sinais de sua antiga placa, mas a sede está vazia. O esquema, segundo a polícia, consistia em um esquema de pirâmide, onde os carros eram alugados e uma quantia era cobrada na entrega do veículo, com a promessa de reembolso total ao final de um contrato de 15 meses. No entanto, surgiram vítimas e denúncias. Ainda em 2022, uma reportagem da EPTV expôs centenas de pessoas prejudicadas pelo suposto golpe. As redes sociais do grupo foram desativadas e as lojas fechadas.
Mais de 500 vítimas do suposto golpe
A reportagem da EPTV entrevistou uma das vítimas que afirmou ter perdido mais de R$ 100 mil no esquema de aluguel de veículos. Cerca de 500 pessoas moveram processos contra os golpistas, afetando aproximadamente 800 pessoas no total.
A advogada das vítimas destacou que a prática de cashback não é ilegal, mas a promessa de reembolso total levantou suspeitas. O proprietário chegou a gravar um vídeo alegando ameaças e prometendo resolver a situação na época.
Uma das vítimas, o empresário Felipe Vinícius Cardoso, relatou um prejuízo de R$ 100 mil em investimentos e R$ 30 mil em um carro. “O meu prejuízo foi de R$ 100 mil de aplicação e R$ 30 mil de um carro. Tenho que ter esperança, principalmente com a notícia da prisão. Que a justiça seja feita”, afirmou. A vítima disse que foram criadas grupos em redes sociais com mais de 300 participantes.
Kethilen Fioravanti, advogada de parte das vítimas tem esperança de reaver ao menos uma parte do dinheiro perdido.
“Nenhum dos prejudicados recebeu um real dessa questão. São mais de 800 vítimas e são quase 400 processos judiciais que estão correndo em todo o Brasil. Sem extradição eles responderiam lá em Portugal, e isso deixa um pouco mais complicado a tendência é que acabe concretizando essa extradição para cá para a continuidade do processos e principalmente, tentar localizar onde foi parar todo esse dinheiro. Os carros todos foram retomados e a grande maioria pelas locadoras que eram as proprietárias dos veículos. Já as pessoas lesionadas ficaram sem veículos e sem dinheiro. O que todo mundo quer é receber os valores de volta, pelo menos uma parte do prejuízo”.
Outro lado
O advogado os suspeitos informou que quer evitar a extradição dos brasileiros porque eles estão correndo risco porque são ameaçados de morte.
“Em Portugal são dois imigrantes trabalhando e não teria o menor motivo a expulsão deles por qualquer natureza jurídica que fosse. O movimento de extradição foi iniciado pelo Brasil. O que agora tem que se cumprir em relação ao Brasil são as formalidades do pedido. Agora é a vez do Brasil se pronunciar. Não sei exatamente como isso foi colocado ou informação foi prestada daqui do governo português para o governo brasileiro, mas entendo o trâmite que agora o próximo passo vem da Justiça do Brasil. Na sequência o nosso trabalho para que não haja a extradição”, disse o advogado Diego Bove Fernandez Alonso.
Uma nova decisão ontem informo que o homem pode responder em liberdade, mas ele terá que comparecer três por semana e ele teve o passaporte apreendido e a filha continua detida.
A reportagem da EPTV entrou em contato com o Itamaraty que encaminhou a demanda ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e ainda não há uma posição.
Com informações de Wesley Justino e Helen Sacconi/EPTV Campinas
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