Quase três semanas após a morte trágica da menina Isabela Tiburcio Fermino, de 7 anos, atingida por uma árvore de grande porte na Lagoa do Taquaral, em Campinas, os pais, Gislene e Sérgio Fermino, contaram como foi o episódio. Eles também mostraram a última foto tirada da filha momentos antes da queda.
Na imagem, Isabela aparece ao lado de três crianças na área de piquenique do parque de Campinas. Momentos depois, um eucalipto de grande porte caiu sobre o local, atingindo Isabela e outras duas pessoas, que ficaram feridas. Uma jovem de 27 anos ficou gravemente ferida. Ela ficou internada e teve alta hospitalar no início deste mês.
Em entrevista emocionante à EPTV Campinas, os pais da criança relataram que a ideia inicial era fazer a festa de aniversário da prima da vítima, em uma área verde, na Pedreira do Chapadão, mas com o fechamento do parque por causa de um deslizamento no local, a festa acabou ocorrendo na área de piquenique da Lagoa.
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ENTREVISTA APÓS TRAGÉDIA
Os pais de Isabela também mostraram o quarto da filha. Na cor rosa, com bichinhos de pelúcia e um local de estudo, o espaço da menina está preservado. “A gente só não quer aconteça com mais ninguém”, disse o pai Sergio Luiz Fermino.
“Estávamos em um piquenique, eu não estava presente no momento. Estava ela e minha esposa. Cheguei após 10 minutos que havia deixado elas no portão principal na Lagoa do Taquaral. Fui jogar basquete, mas fiquei só 10 minutos. Aí pensei em vir logo para poder tirar fotos, e quando cheguei lá, já tinham os carros dos socorristas. Aí desabei, eu nem cheguei a ver a minha filha debaixo da árvore. Foi toda a cena, essa terrível cena, quem presenciou foi a minha esposa”, disse ele.
RELATO DA MÃE
A mãe de Isabela, Gislene Fermino, falou sobre o episódio que matou a menina na manhã do dia 24 de janeiro. “Eu não quero que mais nenhuma mãe, que mais ninguém passe o que eu estou passando, de perder a minha única filha”, disse.
Confira o relato abaixo:
“Era para comemorar o aniversário da Manuela, que era prima da Isabela, e nós iriamos fazer esse piquenique lá na Pedreira do Chapadão. Só que no dia anterior saiu a notícia que tinha sido fechado por tempo indeterminado, porque tinha tido queda de pedras, deslizamento de terra. Ai a gente pensou: ‘se tiver chovendo a gente faz em casa. Se não tiver, a gente faz na Lagoa’. Aí chegamos lá, foi só o tempo assim, uns 10 minutos só. Tinha comprado salgadinho, docinho e o bolinho. A gente sentou próximo desse eucalipto, a gente enfeitou toda a mesinha, enquanto isso tinha, quatro crianças, que era a minha filha, a prima e mais duas amiguinhas, estavam brincando, conversando, dando risada”.
“Aí nisso, a Josi até falou assim: ‘gente, vamos comer alguma coisa’. Aí a Manu falou que só queria um copo de suco, a minha filha falou que só queria um copo de água, e eu entreguei pra ela a água e depois ela foi para traz de mim e eu escutei uns estalos. Eu já identifiquei que era daquela árvore, e nisso eu pensei: ‘a árvore vai cair’. Naquele desespero e no meu instinto de sobrevivência, que eu falo, eu não olhei nada, eu só vi a Manu do meu lado, grudei no braço dela e a Manu toda hora olhando pra trás e eu puxando e correndo, e correndo”.
“Foi um barulho muito alto, que você não tem noção, se você tá correndo para o lugar certo, se para o lugar onde você tá indo é o lugar onde a árvore vai cair. Será que ela vai derrubar outras árvores que vão cair? Você não tem noção. Ai a hora que cessou o barulho, foi quando eu olhei pra trás, aí eu comecei a chamar minha filha pensando que ela estava do outro lado da árvore, ai quando eu olhei para lá, eu vi ela debaixo da árvore”.
“Chegou a enfermeira. Ela começou a fazer a massagem cardíaca e tentava sentir, e eu olhava e percebia que ela não estava sentindo nada. E não chegava ninguém. Ninguém aparecia, sabe? Demorou muito. Ali eu já senti que ela já não estava mais ali, mas a minha esperança de mãe, era de que ainda teria tempo de se fazer alguma coisa, de conseguir resgatar ela”.
CADERNO DE POEMAS
A mãe de Isabela conta ainda que a menina escrevia poemas e quer publicar o livro da filha.
“Ela escrevia poemas, ela tem um caderno com 21 poemas que ela escreveu, que eu falei para ela: ‘filha, se você continuar escrevendo, a mamãe vai dar um jeito de publicar esse livrinho para você’. E ela se empolgava e cada vez mais ela escrevia mais, e eu quero cumprir essa promessa que eu fiz”.
“É um vazio que está dentro da gente que vai permanecer pelo resto da nossa vida, eu só não quero que aconteça com mais ninguém”, disse o pai no final da entrevista à EPTV Campinas.
PARQUES FECHADOS
Depois da morte de Isabela, todos os parques e espaços esportivos de Campinas foram fechados. Na sexta-feira passada, a Prefeitura de Campinas reabriu nove deles, mas a Lagoa do Taquaral segue interditada, inclusive o redor dela. Laudos da árvore da Prefeitura apontam que a árvore estava saudável, mas o solo encharcado teria motivado a queda.
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