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CotidianoPela 1ª vez na AL, cientistas do Cnpem, em Campinas, desvendam estrutura completa do vírus Mayaro

Pela 1ª vez na AL, cientistas do Cnpem, em Campinas, desvendam estrutura completa do vírus Mayaro

Estrutura foi esclarecida em centro de pesquisa de Campinas; com sintomas semelhantes ao do chikungunya, diagnóstico do vírus é prejudicado

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Vista aérea do Cnpem em Campinas. (Foto: Reprodução de vídeo)

Pela primeira vez na América Latina, pesquisadores do Cnpem (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), em Campinas, conseguiram elucidar a estrutura molecular completa do vírus Mayaro. A pesquisa contou com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), e foi publicada em uma revista científica internacional, a “Nature Communications”. 

O que se sabe é que o vírus do Mayaro pode ser transmitido para humanos por meio de mosquitos, e que seus sintomas são dor de cabeça, febre alta e dores nas articulações. Como as reações são semelhantes às provocadas pela chikungunya e a dengue, a febre do Mayaro está entre as doenças endêmicas mais negligenciadas no Brasil. 

Segundo os pesquisadores, as dificuldades do diagnóstico vinham prejudicando o planejamento de estratégias de controle da doença. No entanto, com o esclarecimento da estrutural viral completa, os estudiosos acreditam ser possível desenvolver novos métodos de diagnóstico, medicamentos e até mesmo imunizantes.  

“Quando conhecemos em detalhes as proteínas que compõem a estrutura de um vírus conseguimos diferenciá-lo de outros patógenos, colaborando para o desenvolvimento de um diagnóstico mais específico da doença. Além disso, podemos identificar de forma racional moléculas que sejam capazes de se ligar ao vírus e inibir sua replicação ou entrada na célula humana, levando ao desenvolvimento de medicamentos capazes de combater a infecção”, explica Helder Ribeiro, pesquisador do Cnpem. 

Na estrutura, um dos detalhes descoberto que mais chamaram atenção são as cadeias de açúcares ligadas a proteína E2. Esses açúcares estão voltados uns para os outros em uma configuração que se assemelha a um aperto de mãos e que, portanto, foi apelidada de “handshake” (aperto de mãos em inglês).  

Os pesquisadores acreditam que esses açúcares, além de serem reconhecidos pelo sistema imunológico, podem ajudar o vírus a se organizar e ficar mais estável. A função dessa parte específica do vírus está entre os temas que continuarão sendo estudados pelos pesquisadores.  

Imagem que representa a estrutura do vírus Mayaro revela a partícula viral. (Imagem: CNPEM/MCTI)

MENOR QUE UM FIO DE CABELO 

Os estudos do vírus acontecem desde 2017, e contam com os trabalhos de 20 pesquisadores e colaboradores do Cnpem. Durante as pesquisas, os cientistas descobriram que a estrutura do vírus é aproximadamente 100 mil vezes menor que a espessura de um fio de cabelo. 

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“Neste trabalho, descrevemos a partícula infecciosa do vírus Mayaro, incluindo todas as proteínas que a compõem. Foram usadas técnicas que permitiram observar detalhes da biologia viral que não tinham sido descritos em outros trabalhos e que representam um avanço em nossas capacidades de combate e entendimento da doença”, explica Rafael Elias Marques, pesquisador do Cnpem. 

NO SIRIUS
 
Com o uso do Sirius, instalado em Campinas, os pesquisadores pretendem realizar experimentos fundamentais para o desenvolvimento de novas soluções para lidar com o Mayaro e outros vírus que afligem a população brasileira. 

“A relevância e o ineditismo dessa pesquisa refletem o potencial da ciência brasileira para atuar na fronteira do conhecimento. Esse trabalho é também um exemplo da importância de mantermos infraestrutura de ponta no país e, principalmente, recursos humanos qualificados que buscam respostas para perguntas audaciosas e complexas”, destaca Antonio José Roque, diretor-geral do Cnpem. 

O superlaboratório Sirius é uma das mais avançadas fontes de luz sincrotron do mundo, projetada e construída por pesquisadores do Cnpem.

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Luciana Félix
Luciana Félixhttps://www.acidadeon.com/campinas/
Supervisora de conteúdo digital do acidade on e do Tudo EP. Entrou no Grupo EP em 2017 como repórter do acidade on Campinas, onde também foi editora da praça. Antes atuou como repórter e editora do jornal Correio Popular e do site do Grupo RAC. Também atuou como repórter da Revista Veja, em São Paulo.
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