Um estudo da FCA (Faculdade de Ciências Aplicadas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) detalha o circuito neuromuscular responsável pelo afterburn, efeito que faz com que as pessoas continuem queimando gordura horas após a prática de atividades físicas. A descoberta foi publicada em um artigo na revista Science Advances (veja detalhes abaixo).
A queima de calorias após os exercícios é um fenômeno conhecido há anos pelos cientistas e educadores físicos, mas somente agora a causa foi detalhada. Conforme a pesquisa, a proteína IL-6 (interleucina-6) age no hipotálamo, região do cérebro que controla os processos metabólicos, enviando sinais através do sistema nervoso simpático para que o músculo continue queimando gordura.
O docente da universidade, Eduardo Ropelle, é um dos coordenadores do trabalho, que identificou que o efeito da queima permaneceu três horas depois da realização do exercício. Segundo ele, a literatura científica já mostrava que exercícios aumentam a produção de interleucina-6 no músculo, mas a ideia era entender de forma mais detalhada o mecanismo no corpo dos seres humanos.
“O objetivo era descobrir se, com a contração muscular, os níveis chegariam ao sistema nervoso central. Ademais, por meio de experimentos, observamos que a IL-6 também é produzida pelo hipotálamo, em resposta ao exercício. Ou seja, depois de sintetizada no sistema nervoso central, desencadeia todo o circuito de queima de gordura mesmo após o individuo cessar o exercício”, diz Ropelle.
Além de Ropelle, José Rodrigo Pauli também coordenou do grupo do LaBMEx (Laboratório de Biologia Molecular do Exercício). Também participaram pesquisadores da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp, cientistas da USP (Universidade de São Paulo), da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, e da Escola Politécnica de Lausanne, na Suíça.
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RESULTADO FINAL
A descrição é resultado de um trabalho iniciado em 2013 com a participação de várias partes. No mestrado defendido em 2015 pela nutricionista Thayana Micheletti, por exemplo, foram feitos os primeiros ensaios sobre o mecanismo. Na ocasião, ela injetou a IL-6 no hipotálamo de camundongos, provocando queima de gordura nos músculos, com um pico de três horas após a injeção.
Depois disso, em seu estágio, realizado na Universidade de Compostela, a profissional submeteu camundongos geneticamente modificados com deficiência na produção da IL-6, “a exercícios físicos e observou que a queima de gordura após o exercício foi muito menor nesses animais”, confirmando a importância da presença da IL-6 para o afterburn, detalhou a Unicamp.
Posteriormente, o estudo obteve os mesmos resultados em humanos. A equipe da Universidade de Lausanne encontrou forte correlação positiva entre a expressão gênica de interleucina-6 no hipotálamo e a expressão de diversos genes relacionados à queima de gordura. “Isso significa que os indivíduos que possuem altos níveis de IL-6 no hipotálamo também apresentaram altos níveis de marcadores de oxidação no músculo”, afirma o doutor Eduardo Ropelle.
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