A Polícia Civil de Campinas apura o desaparecimento do líder espiritual que é investigado por abusar sexualmente de mulheres que frequentavam um terreiro de umbanda da cidade. O idoso de 70 anos não é mais visto desde a madrugada do último dia 29.
Segundo familiares, o homem sumiu quando estava em uma chácara às margens do Rio Atibaia, no distrito de Barão Geraldo. O caso foi registrado no 4º DP (Distrito Policial) e depois foi enviado à DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa).
O imóvel pertence à associação espiritual na qual o investigado trabalhava e foi visitado por ele um amigo com o intuito de fazer uma atividade religiosa. Depois de um tempo, porém, o líder espiritual pediu para ficar sozinho na beira do rio e não foi mais visto.
APURAÇÃO NA DDM
Os relatos partiram de mulheres que integram a equipe de atendimento da casa. O homem trabalhava como terapeuta do local e foi afastado das funções em 29 de junho, assim que a associação espiritual soube das acusações contra ele.
VÍTIMA DETALHA
Uma das vítimas do líder espiritual de umbanda acusado de assédio sexual afirmou que ele pedia segredo do ato criminoso porque isso podia “destruir a fé” das pessoas. No relato, a vítima, que preferiu não se identificar, afirmou que o Pai de Santo iniciou as ações durante um atendimento individual.
“Em 2014, eu estava ainda de licença-maternidade e passei na sala dele. Esse tipo de atendimento é comum, individual, a gente sempre pede ajuda. E na hora de sair da sala, eu levantei, ele levantou, ficou bem próximo a mim, e eu com a minha filha no colo. Eu assustei quando ele colocou a mão dele dentro da minha roupa. E eu assustei, dei um tranco para trás”, afirma ela.
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SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES
No dia 18, o terreiro de umbanda suspendeu o atendimento ao público após o caso ganhar repercussão. Na ocasião, a casa argumentou que a medida temporária foi uma medida de “prudência, bom senso, zelo e respeito”.
“Os recentes acontecimentos que vieram a público podem fazer surgir natural divergência de pensamentos, condutas e posturas relacionadas a cada indivíduo e sua forma de ver os fatos, de sentir a vida e a religiosidade”, afirma o texto.
O comunicado alega que o corpo sacerdotal está se dedicando a uma reorganização interna e que conta com o retorno à normalidade dos trabalhos.
“Estamos certos de que em breve a casa seguirá seu caminho de tradição e prática dos fundamentos da umbanda: a fé, o amor e a caridade”, finaliza.
REAÇÃO E REPÚDIO
O caso também chegou à Armac (Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas), que se manifestou por nota. Assinado pelo conselho de religiosos, o comunicado defende que o terreiro enfrente a apuração com transparência.
“Sem se descuidar das garantias do devido processo legal e de legalidade preservando as garantias constitucionais e que, para tanto, deve possibilitar imediato acolhimento, preservação e apoio para as vítimas”, alega a Armac.
A associação que representa as religiões de matriz africana diz ainda repudiar “veementemente a cultura do machismo presente na sociedade brasileira, bem como qualquer atitude da prática de crime de assédio sexual e assédio moral, racismo, homofobia, intolerância, ou racismo religioso”.
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