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CotidianoPraça no Centro de Campinas guarda o túmulo de Carlos Gomes; entenda

Praça no Centro de Campinas guarda o túmulo de Carlos Gomes; entenda

Homenagem no Centro de Campinas foi concebida há 117 anos para guardar o corpo do maestro campineiro; veja detalhes e contexto histórico

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Monumento-túmulo de Carlos Gomes permanece como um marco da história de Campinas e do Brasil (Foto: Luciano Claudino/Código 19)
Monumento-túmulo de Carlos Gomes permanece como um marco da história de Campinas e do Brasil (Foto: Luciano Claudino/Código 19)

Localizado em frente ao marco zero de Campinas e em uma das regiões mais movimentadas do Centro, o Monumento de Carlos Gomes, na Praça Bento Quirino, completou 117 anos em 16 de setembro, justamente no mês em que o maestro campineiro foi homenageado no município com uma série de eventos.

Mas o que muita gente não sabe é que a escultura foi entregue e inaugurada quase 10 anos após a morte do compositor, que ocorreu em 1896, justamente para receber e guardar o corpo dele. Mais de um século depois, no entanto, será que os restos mortais de uma das maiores figuras da cultura brasileira permanecem neste mesmo lugar?

O historiador e professor da PUC-Campinas, Lindener Pareto, foi ouvido e a Prefeitura de Campinas também foi consultada pela reportagem do acidade on Campinas. Entre as respostas, estão explicações envolvendo relatos históricos e documentos oficiais e até um projeto para proteger mais a obra (veja abaixo).

AFINAL, AINDA ESTÁ LÁ?

A pergunta se os restos mortais de Carlos Gomes estão ainda no local foi feita ao historiador Lindener Pareto, que foi certeiro e firme na resposta. “Sim. A priori, estão. Vieram de Belém pra cá. A história narrada diz que os restos mortais foram trazidos. Nos documentos oficiais, não consta que saíram de lá”, disse ele, que alegou desconhecer outra versão para esse fato.

 

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“Os restos mortais foram colocados ali depois que a tumba-monumento ficou pronta, em setembro de 1905. Não à toa que se trata de uma ‘tumba-monumento’. Não consta em nenhum documento que o corpo tenha saído de lá. Claro que isso não é impossível, mas, pelo que me consta, está lá”, completou.

 

Para tirar as dúvidas sobre o assunto, a Prefeitura de Campinas foi procurada e respondeu por meio da secretaria de Cultura e Turismo. “Os restos mortais do maestro foram transladados do Cemitério da Saudade em 1906 para o monumento-túmulo e estão lá, jamais foram removidos”, pontua o comunicado.

Sobre a situação atual do patrimônio histórico, que já foi alvo de vandalismo por diversas vezes e já teve parte da iluminação roubada em anos anteriores, a pasta municipal alegou que “no processo da organização do Mês Carlos Gomes”, que se encerra nesta sexta (30), foram feitos comentários sobre esse assunto.

 

“A secretaria irá levar a ideia à análise do Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) assim que forem feitas demandas deste assunto pelas entidades”, finalizou a assessoria na manhã desta sexta. Um dos projetos considera aumentar a altura da grade que cerca a escultura no Centro.

 

 

Figura em tamanho real do maestro Carlos Gomes resiste ao tempo no Centro de Campinas (Foto: Luciano Claudino/Código 19)
Figura em tamanho real do maestro Carlos Gomes resiste ao tempo no Centro de Campinas (Foto: Luciano Claudino/Código 19)

 

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SOBRE O MONUMENTO

Homenagem ao maestro Carlos Gomes, autor da icônica ópera “O Guarani”, o monumento foi inaugurado em 1905 e teve a pedra fundamental do local lançada por Santos Dumont, o pai da aviação. A escultura foi assinada pelo artista Rodolfo Bernardelli, considerado um dos maiores escultores brasileiros.

Feito em granito, o monumento conta com uma representação em tamanho real do maestro, como se ele estivesse regendo uma orquestra, e é composto ainda por uma figura feminina na base da obra. Trata-se da cantora lírica Maria Monteiro, que atualmente dá nome a uma importante rua do bairro Cambuí.

A representatividade da figura localizada aos pés de Carlos Gomes, no entanto, possui um contexto maior que pode ser relacionado a uma série de obras de arte e interpretações daquele e de outros períodos históricos, de acordo com Pareto.

O historiador da PUC-Campinas cita entre os exemplos o quadro “A liberdade guiando o povo”, do pintor Eugène Delacroix (1789-1863), que usou uma figura feminina para representar a liberdade e abordar a Revolução Francesa.

 

“A representação feminina significa liberdade, significa república. É uma representação que vai se tornar lugar-comum nas repúblicas. Aquela mulher representa também a Princesa d’Oeste, que é a cidade de Campinas”, define.

 

Perguntado sobre a importância de esculturas como o monumento de Campinas para as sociedades da época, Lindener cita que a ideia é criar uma “advertência ao passado glorioso” para a concepção de uma identidade nacional. Essa realidade acontece ao longo do século XIX e perdura até o início do século XX.

“Quando a Revolução Francesa e as independências das Américas estão acontecendo, é preciso forjar ‘novos campeões’ que não sejam reis e ligados à Igreja. No caso do Brasil, após a Independência, é uma monarquia parlamentar. O nacionalismo precisa de uma legitimação e precisa de um patrimônio que faça o povo lembrar o passado e legitime essa nova ordem”, relembra o professor.

Com isso, a intenção do governo do estado de São Paulo ao encomendar a obra com o maior escultor da época, foi exaltar a história paulista e campineira.

 

Restos mortais do maestro Carlos Gomes permanecem em Campinas (Foto: Luciano Claudino/Código 19)
Restos mortais do maestro Carlos Gomes permanecem em Campinas (Foto: Luciano Claudino/Código 19)

QUEM FOI CARLOS GOMES

Nascido em Campinas em 11 de julho de 1836, Carlos Gomes se tornou o mais importante compositor de ópera brasileiro após se destacar com apresentações na Corte, no Rio de Janeiro. Com o sucesso, chamou a atenção, se tornou amigo e recebeu o apoio do Imperador Dom Pedro II, que o ajudou a estudar e construir carreira na Europa. No continente, inclusive, foi o primeiro compositor brasileiro a ter obras apresentadas no Teatro alla Scala, na Itália.

Na opinião do historiador Lindener Pareto, porém, a figura dele vai além. “É emblemática porque marca o símbolo de uma potência cultural. Síntese do Brasil que estava nascendo. A gente pode considerar que esse Brasil, independente em 1822,  se consolida na segunda metade do século XIX, exatamente no mesmo período em que Carlos Gomes ascende na carreira. A história dele acompanha a construção de uma identidade nacional”, explica Pareto.

Além de “O Guarani”, que alcançou sucesso internacional, e de outras óperas renomadas, o campineiro também escreveu peças musicais. Entre elas, “Fosca”(1873), “Maria Tudor” (1878), “O Escravo” (1889) e “Condor” (1891) .

Para Lindener Pareto, apesar de ter a vida pessoal conturbada, com contradições e dores Carlos Gomes é “imortal”, pois está no panteão dos heróis nacionais. Ele morreu em 16 de setembro de 1896 em Belém do Pará, mas seu nome continua ecoando como emblema da cultura e da identidade do Brasil.

 

“Carlos Gomes é ainda hoje um dos maiores nomes da cultura brasileira. Ele sintetiza a potência da cultura plural e marcada pela miscigenação. Na música, como maestro, ele é uma espécie de intérprete da alma em construção do país, que era muito jovem na época em que ele surgiu”, finaliza o historiador.

 

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