O MP (Ministério Público) detalhou na tarde desta quarta-feira (17) a investigação que apura crimes de corrupção envolvendo a Câmara Municipal de Campinas.
O principal alvo é o presidente da Casa de Leis, o vereador Zé Carlos (PSB) – ele afirmou, por meio da defesa, que “está convicto de que não há nada irregular” – veja mais abaixo.
Hoje, segundo o MP, há gravações de áudios que comprovam parte dos crimes investigados na Câmara.
Em coletiva de imprensa, o promotor Rodrigo Lopes afirmou que a investigação começou a partir da denúncia de um vereador, e apurou que com a troca do comando da presidência da Câmara, fornecedores eram chamados e era solicitado o pagamento de propina. O parlamentar é líder da Câmara desde janeiro de 2021.
“A investigação começou através da representação de um vereador aqui da cidade. Basicamente o esquema era de que com a mudança da gestão da presidência da Câmara Municipal, os fornecedores começaram a ser chamados para reuniões, sendo solicitadas vantagens indevidas para que os contratos fossem mantidos ou prorrogados”, afirmou.
Segundo o promotor, “vantagens indevidas” se referem ao pedido de dinheiro, em maior ou menor valor.
“Eram pedidos genéricos de valores, uns mais baixos e outros mais altos. Ele teria chegado a falar para uma das empresas que se não pagasse, já haveria outra empresa disposta a pagar”, completou o promotor.
EMPRESAS
Ainda não foi citado o número de empresas envolvidas na investigação, mas segundo o promotor houve recusa por parte das empresas procuradas. Agora, o MP apura se houve empresas envolvidas e se há crime de lavagem de dinheiro.
“Foi solicitada a vantagem e houve recusa de pagarem a propina desejada. A investigação prossegue agora para apurar exigências em outros contratos de outros serviços. Por enquanto é corrupção passiva, quando há o pedido de propina. Agora vamos apurar se alguma empresa pagou e se há ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro”, completou Lopes.
GRAVAÇÕES DE ÁUDIOS
Na coletiva de imprensa, o promotor Felipe Bertolli indicou ainda que há gravações de áudios que demonstram a ação criminosa.
“Há gravações de áudios. Os investigados pediam para os empresários não participarem das reuniões com celulares. O vereador estava presente nessas reuniões. Quando ele passou a desconfiar que estava sendo gravado, ele pedia para deixarem celulares e relógios no banheiro”, afirmou.
A DEFESA
A defesa do presidente da Câmara está sendo feita pelo advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho. Em entrevista à EPTV Campinas, o advogado afirmou que o parlamentar está convicto de que não há nada irregular.
“O vereador quer o quanto antes prestar esclarecimento, quer dar explicações aos colegas dele da Câmara, mas por orientação nossa pedimos que ele aguardasse pelo menos um dia para ter acesso aos autos para que então ele possa prestar todos os esclarecimentos. Mas ele está convicto que não há nada irregular”, afirmou.
Na entrevista o advogado afirmou que a defesa ainda não teve acesso aos autos, mas disse que o procedimento realizado hoje foi comum.
“Nós requeremos acesso aos autos há alguns minutos e estamos aguardando o deferimento de acesso. O Ministério Público recebeu uma denúncia e para tentar comprovar essa informação recebida está realizando mandados de busca atrás de documentos, é algo normal e esperado em qualquer investigação”, completou, citando que nada comprometedor foi apreendido.
“Na casa do vereador foram apreendidos apenas alguns documentos, nada comprometedor, nenhuma importância em dinheiro e aqui na Câmara estão buscando para tentar identificar se existe algum procedimento vinculado à licitação que possa indicar algum problema”, finalizou.
A OPERAÇÃO
O MP (Ministério Público) deflagrou no início na manhã desta quarta-feira a operação para apurar crimes de corrupção na Câmara Municipal de Campinas.
Policiais do Baep (Batalhão de Ações Especiais da Policia Militar) cumpriram mandados de busca e apreensão envolvendo o presidente da Câmara de Campinas, o vereador Zé Carlos (PSB).
Mandados foram cumpridos na Câmara Municipal, no Teatro Bento Quirino, na casa do presidente da Câmara, no escritório do advogado de Zé Carlos e na casa do advogado do parlamentar.
De acordo com o MP, houve a apreensão de diversos documentos, computadores, pen drives e aparelhos de telefone celular. O presidente da Câmara foi procurado pela reportagem, mas ainda não se pronunciou sobre o caso.
A operação é denominada “Lambuja”. Participaram da operação cinco promotores de justiça, sete servidores do MP-SP e 43 policiais militares.
De acordo com o órgão, a investigação prossegue para identificar outros eventuais casos de corrupção, bem como lavagem e ocultação de bens.
O QUE DIZ A CÂMARA
Em nota, a Câmara Municipal afirmou que foi informada sobre a operação e ainda não tem informação sobre a razão da operação. Por causa dos mandados, a agenda da Câmara foi suspensa nessa manhã, mas será retomada à noite.
“A Câmara Municipal foi informada nesta manhã, antes da abertura do Legislativo, sobre a presença de integrantes do BAEP para realização de uma ação nas dependências da Casa e do Teatro Bento Quirino. A CMC ainda não tem informações sobre a razão das diligências, mas está colaborando com os trabalhos e se pronunciará assim que tiver mais dadosa respeito”, informou em nota.