Dois dias após o anúncio da redução do ICMS que incide sobre o gás de cozinha, as revendedoras de Campinas ainda não reduziram os preços dos botijões. Apenas um de oito locais pesquisados repassou o desconto (veja mais abaixo).
Segundo a pasta estadual da Fazenda, a redução da base de cálculo sobre o GLP (gás liquefeito de petróleo) resultou em uma diminuição de R$ 3,38. Com isso, o valor do imposto sobre os botijões de 13 kg diminuiu de R$ 13,30 para R$ 9,92.
Ainda conforme a secretaria, a diminuição dependeria do repasse das distribuidoras de gás. Mas em Campinas, por enquanto, isso não aconteceu.
Segundo um levantamento da EPTV Campinas, entre oito pontos de venda, somente um alegou ter reajustado o valor. A queda foi de R$ 5,00 e o botijão passou a custar R$ 105,00 para retirada no local e R$ 120,00 para entrega.
Em outros comércios, os botijões ainda custam entre R$ 115 e R$ 130. Em um deles, administrado por Paulo César Antônio de Oliveira, o reajuste não aconteceu porque todo o estoque disponível foi comprado pelo valor antigo.
“Nós temos um estoque de 300 botijões com o preço atualizado. Mas não chegou essa redução. Claro que tem gente que o estoque vai acabar antes, mas, no geral, deve ter repasse em quatro dias ou uma semana”, explica ele.
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CONSUMIDORES RECLAMAM
O casal de aposentados Armando e Janete Tenelli espera pela redução do gás em breve. “Muito caro. O salário não acompanha o andamento do preço das coisas”, diz o homem. “Tá muito difícil. É só aquele básico”, comenta Janete.
Entre os comerciantes, Aline Fabiana comenta que, mesmo que a queda seja maior, o repasse aos clientes depende ainda de um desconto muito maior.
“A gente tem uma média de gasto de gás de R$ 1,6 mil por mês. Pra gente reduzir ao cliente, esse preço deveria cair em torno de R$ 50 a R$ 100”, alega.
O chapeiro Marcos Lúcio Teixeira também quer o gás custando menos. “O que a gente ganha não supre todo esse gasto. Então a gente sempre fica devendo pro próximo mês. O preço ideal, pelo que a gente ganha, seria uns R$ 80”, afirma.
IMPACTOS NA CADEIA
Em alguns dias e semanas, o reajuste da alíquota do ICMS sobre o gás de cozinha deve impactar também o restante da cadeia produtiva.
Segundo o economista e analista socioeconômico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Jefferson Mariano, os reflexos são esperados pelas famílias e também pelos pequenos empresários do setor de alimentos.
“Essa redução é importante, porque é na base de cálculo. Tem o impacto direto, porque o gás, além de insumo das famílias, impacta pequenos empresários. Isso também tende a ter impacto positivo no serviço de alimentação”, comenta.
ESTADO JUSTIFICA
O impacto na receita de ICMS alcançará R$ 853 milhões em valores anualizados, segundo no governo de São Paulo. Com isso, pode haver impacto nas verbas destinadas a áreas como a Saúde e a Educação em todo o estado.
“Trata-se de mais um esforço para minimizar os efeitos da inflação, que afeta diretamente o bolso das famílias de baixa renda”, alega em nota o estado.
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