Campinas registrou alta de 20,34% no número de viagens de moradores em situação de rua à seus locais de origem em 2022, no chamado Programa Recâmbio de Migrantes. Segundo o levantamento, a iniciativa assegurou o retorno de 284 pessoas socialmente vulneráveis neste ano, contra 236 encaminhamentos no mesmo período de 2021.
O serviço é realizado pela secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, e tem como propósito garantir o retorno seguro e humanizado de pessoas em situação de rua às respectivas cidades de origem.
De acordo com a Administração, os números revelam também um aumento na média de pessoas encaminhadas neste ano. Enquanto eram 29 viagens por mês em 2021, agora são 36.
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“Nossa prioridade é o encaminhamento humanizado de pessoas. A Administração Municipal acolhe a pessoa em situação de rua, investiga o caso e, se a pessoa estiver em situação de vulnerabilidade social e houver alguém da família ou até amigo disponível para o acolhimento em outra cidade, fazemos o recâmbio”, explica a secretária Vandecleya Moro.
SOLICITAÇÃO
O interessado em solicitar o recâmbio pode fazer uso desse serviço nos equipamentos da secretaria, como os Centros POP, Samim, Cras e outros. O solicitante deve ter uma pessoa com residência fixa que o acolha na cidade de destino. O serviço só pode ser utilizado uma única vez por cada usuário.
Segundo a Prefeitura, o Projeto Recâmbio de Migrantes oferece abrigo transitório e realiza entrevista social, investigação diagnóstica, sensibilização do usuário, localização da família, contato com a rede local, elaboração de documentação necessária ao embarque do usuário, referenciamento e recâmbio às cidades de origem.
Além disso, realiza a manutenção de cadastro único, seguindo os seguintes critérios de prioridade:
- adultos com crianças
- gestantes
- doentes
- idosos
- pessoas em situação de rua
- migrantes
Ainda é considerado o quadro de extrema vulnerabilidade, risco pessoal e social na cidade de Campinas, compondo, desta forma, a rede intersetorial de atendimento a esta população.
DEMAIS INICIATIVAS
Além do Recâmbio, a Prefeitura de Campinas mantém uma série de ações sociais voltadas à população de rua. Confira os detalhes abaixo:
– Mão amiga
Tendo como objetivo promover a reinserção social por meio da qualificação profissional de pessoas em situação de rua, o Mão Amiga oferece, durante o curso, uma bolsa de R$ 1.165,73, com duração de 12 a 24 meses.
Desde 2016, quando foi criado, já foram certificados 166 bolsistas: 130 homens e 36 mulheres, que frequentaram aulas de hidráulica, elétrica e música. Mais de 20 ex-egressos do curso já entraram para o mercado de trabalho formal.
– Operação “Amigos no trecho”
O projeto envolve a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, a Polícia Militar Rodoviária e as concessionárias que administram as estradas que passam pelo município de Campinas.
É um serviço 24 horas que, ao identificar um morador em situação de rua nas estradas, faz a abordagem, identificação e oferece acolhimento no albergue municipal. Em um ano de atividade, o serviço não registrou nenhuma fatalidade com andarilhos.
– Centros POP Sares
São equipamentos públicos que ofertam atendimento especializado para pessoas em situação de rua. Entre as ações desenvolvidas estão acolhida, escuta qualificada e compreensão do contexto familiar e social dos (as) usuários (as), orientação sobre documentação pessoal, compreensão da complexidade e da dimensão social que perpassa a situação de rua.
Além disso, há incentivo à participação social dos (as) usuários (as) e a defesa de direitos e oferta de cuidados de higiene, vestuário e alimentação.
– Casas de passagem
As duas casas de passagem em Campinas acolhem pessoas em situação de rua, oferecendo espaço transitório de moradia para a construção do processo de saída das ruas. Oferece cuidados de higiene, saúde, alimentação, vestuário, documentação e convivência.
– Abrigos
A Prefeitura conta com três abrigos masculinos, um feminino e um albergue municipal (Samim).
– Consultório na rua
A Secretaria Municipal de Saúde mantém o Consultório na Rua, que visa atender a essa população. Por meio de um veículo adaptado que percorre diversas áreas da cidade, o Consultório na Rua oferece cuidados em saúde a essas pessoas em seus próprios contextos de vida.
É composto por duas equipes multidisciplinares que contam com médicos, psicólogos, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e redutores (pessoas que trabalham com a política de redução dos danos causados pelas drogas).
O atendimento é voltado para doenças ou condições que mais atingem os moradores em situação de rua, como tuberculose, alcoolismo e combate ao crack e outras drogas. Orienta essa população sobre doenças, como as sexualmente transmissíveis e hepatites. Realiza curativos, testes de diabetes e medição de pressão.
OPERAÇÃO INVERNO
Desde 1º de maio, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos lançou a Operação Inverno, serviço de acolhimento a pessoas em situação de rua no município por meio do SOS Rua.
A Operação Inverno se estende até o dia 30 de setembro. Desde que começou, já foram registrados 6.288 atendimentos, com a distribuição de 10.744 cobertores e a realização de 1.227 encaminhamentos ao abrigo municipal.
Durante o período da ação, o acolhimento do serviço SOS Rua é estendido e passa a ser das 8h à 0h. O objetivo é acolher essas pessoas e, se elas aceitarem, encaminhá-las aos serviços da rede de proteção, de assistência social e de saúde do município.
O Bagageiro Municipal também ampliou em mais duas horas o horário de atendimento à população socialmente vulnerável. O serviço está localizado na Rua José Cruz Ferreira Jorge, 32, na Vila Industrial, e funciona, agora, de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h. Antes da mudança, o horário de atendimento era até 17h.
O número de vagas em abrigos para pessoas em situação de rua foi ampliado a partir do dia 5 de maio. Além das 120 vagas já existentes no Samim, foram criadas mais 80 vagas na Casa da Cidadania.
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