Um dos imóveis abandonados na região do Viaduto Miguel Vicente Cury e que simbolizam o Centro “velho” de Campinas será reformado para receber cursos profissionalizantes e de alfabetização. O anúncio foi feito no dia 13 e ainda não há uma data para o início das obras. Mesmo assim, os comerciantes do entorno se animam com a possibilidade de atrair pessoas e reduzir o abandono do local.
Após a compra do espaço por cerca de R$ 2,8 milhões para uso da Fumec (Fundação Municipal para Educação Comunitária de Campinas) e do Ceprocamp (Centro de Educação Profissional de Campinas), a expectativa de quem possui comércios no entorno é que o fluxo de estudantes aumente a segurança e reduza o vazio nas vias próximas à Rua Visconde do Rio Branco.
“Deve trazer novos empreendimentos para atrair mais público. Ter mais gente no Centro pode melhorar o movimento”, torce Alexandre Souza, que é proprietário de um estabelecimento de artesanato na Rua Costa Aguiar.
Segundo ele, além da insegurança, a presença de pessoas em situação de rua também é comum no local e piorou em 2020, após a pandemia de covid-19.
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“As ruas ficam sujas e com lixo revirado. Já fomos furtados duas vezes e um dos crimes foi esse ano. Até tem policiamento, mas os quarteirões são vazios e os roubos a pedestres são comuns aqui e em outros pontos”, alega André Lucas Egídio da Costa, dono de uma loja de embalagens na Rua Ferreira Penteado.
Questionado se a ocupação do edifício pode significar um ponto de virada no entorno do comércio, André não demonstra tanto otimismo e por isso conta com maior atenção do Poder Público. “Se for algo isolado, fica difícil, porque não é uma área atrativa. É um local pouco convidativo”, resume o proprietário.
SÍMBOLO DO ABANDONO
As reclamações coincidem com o relato de outros comerciantes, frequentadores e moradores da região, que detalham que não é difícil presenciar a venda de drogas no entorno do prédio comprado pela Prefeitura. O próprio imóvel, inclusive, está desocupado há anos e simboliza o abandono vivido pela região.
Localizado a poucos metros do Terminal Central e de lugares que costumam atrair a atenção das forças de segurança devido à prática de crimes, como as ruas Cônego Cipião e Álvares Machado e a linha férrea próxima ao viaduto Cury, o edifício de três andares tem pichações por toda a extensão da fachada.
Ladeado por outros prédios abandonados, como o da antiga Galeria Pagé, o espaço que vai receber aulas gratuitas de EJA (Educação de Jovens e Adultos) e de conteúdos preparatórios para o mercado de trabalho, abrigava antigamente uma academia e parece não passar há anos por uma manutenção adequada.
PLANOS DA PREFEITURA
Considerado estratégico pela secretaria municipal de Educação para a oferta de vagas à população em situação de vulnerabilidade social e econômica, o local ainda não tem um cronograma de trabalhos e adequações definido pela pasta. “Atualmente, está sendo feito o projeto para a reforma e obras”, alega em nota.
O prédio também é visto como primordial para o projeto “Nosso Centro”, que propõe a revitalização da região central e conta com uma “nova legislação de incentivos fiscais e urbanísticos para reabilitação de imóveis”. As normas anunciadas em 2022 foram aprovadas pela Câmara e propõem “requalificar a área para que a população volte a frequentar e ter segurança” no Centro.
O projeto define incentivos urbanísticos e fiscais de acordo com as três categorias de reabilitação de imóveis: integral, parcial e mínima. A área considerada soma 95 hectares de mais degradados do município, em um polígono formado pelas ruas Marechal Deodoro; Avenida Anchieta/Rua Irmã Serafina; Avenida Moraes Sales; Praça Floriano Peixoto e Rua Dr. Ricardo.
De acordo com a Administração, a área abriga cerca de 1.900 lotes, sendo 429 imóveis verticais e 1.400 horizontais. Segundo a proposta, 90% deles podem ser beneficiados (edificações aprovadas antes de 1988). Neste total, estão 71 imóveis tombados e 91 em estudo de tombamento (CONFIRA A NOTÍCIA AQUI).
GM SE MANIFESTA
Procurada para se manifestar sobre a segurança do Centro, a GM (Guarda Municipal) alegou em nota que “está, dia e noite, presente no Centro com o objetivo de coibir e atuar contra a criminalidade”. Conforme o texto, “viaturas mantêm patrulhamento diário e constante”, reforçando especialmente áreas com mais concentrações, como próximo ao Terminal Central de Campinas.
“As equipes também se deslocam conforme necessidade. Além do patrulhamento, a Guarda Municipal realiza operações frequentes para coibir tráfico de drogas, receptadores de produtos de origem ilícita”, alega a corporação, que diz ainda que o Centro da cidade conta ainda com monitoramento por câmeras de vigilância. “A população também pode acionar o telefone 153, disponível 24 horas, para fazer denúncias sobre crimes”, finaliza.
ASSISTÊNCIA SOCIAL SE MANIFESTA
A secretaria de Assistência Social de Campinas alegou ao acidade on Campinas que o serviço SOS Rua é mantido durante todas as semanas do ano. No trabalho, abordagens à população de rua são feitas para oferecer abrigo. A pasta, porém, ressalta que as pessoas abordadas não são obrigadas a ir para os locais.
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