A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) aprovou um projeto para a implantação de corredores ecológicos e recuperação de nascentes da região da universidade, em Campinas. A aprovação foi feita pela Copei (Comissão de Planejamento Estratégico Institucional).
De acordo com a instituição, onça-parda, lobo-guará, guaxinim, veado e cachorro do mato são algumas das espécies que circulam nos arredores do campus em Campinas. Além disso, a flora da Mata Atlântica auxilia na composição das belezas nativas do território.
Para proteger o trânsito seguro dos animais e recuperar espécies da flora, os corredores ecológicos pretendem restabelecer e conectar remanescentes de mata nativa na região da Fazenda Argentina, área de 1,4 milhão de metros quadrados adquirida pela universidade em 2014.
O plano também contempla a conexão e recuperação de nascentes de água. Em cinco anos, está prevista a criação de 217 mil m² de corredores ecológicos, 300 mil m² de área de plantio, 92 metros de passadores de fauna e 6,5 mil metros de cercamentos.
Segundo a instituição, o plantio está previsto para ser iniciado na próxima estação chuvosa, em meados de setembro, e seguirá o mapeamento das espécies nativas realizado pela professora do IB (Instituto de Biologia), Dionete Santin.
PROJETO
De acordo com a Unicamp, a proposta integra o HIDS (Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), criado para ser um distrito modelo em sustentabilidade.
O projeto também está alinhado ao compromisso com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas), que propõem metas para a eliminação de problemas globais, como pobreza, desigualdades, fome e degradação ambiental, a serem cumpridas até 2030.
MATA NATIVA
Segundo a instituição de ensino, há fragmentos da Mata Atlântica na área em que está localizada a Fazenda Argentina. O bioma já perdeu 88% da sua vegetação nativa devido à ação humana.
O distrito de Barão Geraldo, onde está localizado o campus da Unicamp em Campinas, também é caracterizado por ser uma zona de transição entre os biomas da Mata Atlântica e Cerrado, o que favorece uma grande diversidade de espécies.
Um dos fatores decisivos para a regeneração da flora é a presença de animais e os passadores, além de permitirem a circulação segura, promovem a disseminação das espécies da mata. O projeto contempla passadores superiores, para fauna arborícola, e inferiores, para fauna terrestre.
Com a recuperação de nascentes, a proposta pretende propiciar água a esses animais. A Fazenda Argentina abriga parte da bacia do Rio das Pedras e o Ribeirão Anhumas. Ao recompor a mata ao longo dos corpos dágua, os processos de erosão e assoreamento são evitados, garantindo melhoria na qualidade da água.
EQUILÍBRIO E BEM-ESTAR
Além de conectar os fragmentos da mata, os corredores ainda contribuem para o fortalecimento genético das espécies da fauna. Quando os animais estão isolados em um mesmo espaço, pode ocorrer perda da adaptabilidade e até extinção.
“Possibilitar que animais de uma mesma espécie tenham contato com indivíduos de outros grupos permite a troca genética entre eles e a viabilização desses grupos no ambiente regional como um todo”, diz Paulo de Tarso, idealizador do projeto.
Ele destaca que os corredores buscam devolver um equilíbrio mínimo às espécies, o que é relevante não só para elas, mas também para a saúde pública. Entre os benefícios oferecidos estão a redução da temperatura e a melhoria na qualidade do ar da região.