Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), desenvolveram um software capaz de identificar automaticamente alterações na espessura da artéria carótida, que é a responsável por transportar sangue e oxigênio do coração para o cérebro, através de imagens de exames de ultrassonografia. Por meio de um algoritmo baseado em inteligência artificial, é possível deixar mais rápida, precisa e barata a identificação precoce de problemas no coração.
De acordo com o professor e pesquisador da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Wilson Nadruz Junior, a tecnologia foi capaz de processar as imagens médicas, permitindo que a medição específica da subcamada íntima, normalmente feita por profissionais altamente treinados e em aparelhos de pesquisa, possa ser realizada de forma automática por qualquer ultrassonografista em equipamentos de rotina clínica.
“Acreditamos que essa tecnologia possa ter um enorme potencial na prevenção cardiovascular, tratamento precoce e redução de doenças cardiovasculares futuras”, diz o cardiologista.
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DIAGNÓSTICO RÁPIDO
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mais de 275 mil pessoas morreram por causa de doenças cardiovasculares no Brasil desde o começo do ano até o último dia 5 de setembro. Para o coordenador do serviço de ecocardiografia do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp, professor José Roberto Matos Souza, o algoritmo baseado em inteligência artificial pode ser a chave para possibilitar diagnósticos mais rápidos e eficientes de casos de aterosclerose.
“Essa é uma doença de evolução lenta que costuma apresentar sintomas só em estágio avançado, o que pode ocorrer já em situação de emergência. Com novas formas para o diagnóstico precoce poderemos salvar muitas vidas”, afirma.
Atualmente, a detecção da aterosclerose é feita por métodos de imagem invasivos, como o cateterismo, ou indiretos, como a ressonância magnética e a angiotomografia. Normalmente, esses tipos de diagnósticos são mais caros e demorados.
O exame de ultrassonografia na região do pescoço, por sua vez, é um método não-invasivo usado há mais de três décadas para identificação de placas que elevam o risco de doenças cardiovasculares.
NOVO MÉTODO
Para chegar aos resultados apresentados pelo programa criado pelos pesquisadores, as imagens captadas na máquina de ultrassom durante o exame no paciente, são salvas e, depois, encaminhadas para outro computador que tem o novo software instalado, onde são analisadas.
O próximo passo agora, que os pesquisadores pretendem e já estão negociando, é a instalação desse programa direto na máquina de ultrassom, pra que os resultados saiam de forma ainda mais rápida na própria sala de exames. A tecnologia desenvolvida na Unicamp já foi licenciada e está disponível para o mercado. O contato de negociação é realizado diretamente com a agência Inova, da Unicamp.
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