O Museu Exploratório de Ciências da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) inaugurou nesta quarta-feira (29) no campus da instituição de ensino uma central de monitoramento capaz de registrar meteoros.
Instaladas e prontas, as duas câmeras do local são consideradas importantes para o trabalho de monitoramento de meteoros e outros fenômenos no Brasil.
Os dispositivos podem registrar desde meteoros pequenos até os sprites, que são descargas plasmáticas em formato de medusa marinha que se formam no topo das nuvens de chuva e que se movem para o espaço (veja mais abaixo).
O pesquisador do Instituto de Geociências da Unicamp, Álvaro Crósta, explica que os registros são feitos por 24 horas a partir de dois enquadramentos.
“São duas câmeras de vídeos que ficam posicionadas para lados diferentes. Com isso, é possível fazer a triangulação. Ou seja, um evento, se visto por várias câmeras, pode ter identificado o local onde ocorreu e se caiu”, detalhou ele.
No fim de maio, quando a instalação foi concluída e as câmeras começaram a funcionar, já houve registro de meteoros no céu de Campinas. As gravações foram feitas nos dias 27 de maio e 14 e 19 de junho (assista ao vídeo abaixo).
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PARCERIA
Os equipamentos foram instalados no museu após uma parceria entre a universidade estadual e a Bramon (Brazilian Meteor Observation Network).
Além das câmeras, que funcionam no período noturno, um software para o registro dos meteoros também será utilizado pelos pesquisadores no museu. O novo sistema inclui a Unicamp em uma rede com 134 estações em 19 estados.
Além da instituição em Campinas, integram o trabalho a Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, e a Unimar (Universidade de Marília). A Bramon foi criada em 2014 para monitorar meteoros através de imagens e de dados.
O responsável pela parceria na Unicamp, Álvaro Crósta, orienta um trabalho de iniciação científica sobre o tema financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e diz querer ampliar a divulgação da ciência.
“Queremos desenvolver, principalmente em projetos de alunos de graduação, e para divulgação científica. A ideia é introduzir o tema para crianças e adolescentes que frequentam o Museu Exploratório de Ciências”, explica ele.
Como a rede é aberta, os dados coletados na Unicamp serão compartilhados. O objetivo da parceria da universidade com a Bramon é incentivar a ciência cidadã através de projetos relacionados à astronomia e à comunicação científica.
De acordo com Renato Poltronieri, da Bramon, o Brasil não contava antes com um trabalho de monitoramento de meteoros, mas apenas de observação.
“O Hemisfério Sul não é tão estudado quanto o Norte. Por isso montamos câmeras para descobrir chuvas de meteoros. Desde então, foram descobertas mais de 20, todas reconhecidas pela União Astronômica Internacional”, explica.
REGISTROS FEITOS
Desde o início da operação da rede nacional, diversos eventos espaciais já foram registrados. Entre eles, está o earthgrazer, um tipo de meteoro que atinge camadas mais altas da atmosfera da terra, percorrendo imensas distâncias.
O caso foi registrado em 2015 no interior paulista. Dependendo do tamanho, do ângulo de aproximação da Terra e da velocidade, o objeto pode voltar para o espaço, como uma pedra que ricocheteia quando atirada rente a um lago.
EVENTO
A inauguração da estação integra a programação do Asteroid Day, que motiva uma série de eventos em Campinas hoje e nos dias 30 de junho e 3 de julho.
A organização é da Prefeitura Municipal de Campinas, do IG (Instituto de Geociências) e também pelo Museu Exploratório de Ciências da Unicamp.
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