A vacina contra a dengue deve ficar disponível para o PNI (Programa Nacional de Imunizações) até 2024, segundo o ex-secretário de Saúde de Campinas e atual presidente do Conselho Curador da Fundação Butantan, Cármino de Souza. Já o imunizante contra a chikungunya, também desenvolvido pelo instituto, deve ficar pronto para uso um pouco antes, até o final deste ano.
“A vacina mais próxima entre as arboviroses para vir para o PNI é a da chikungunya. É possível que essa nós tenhamos a vacina ainda neste ano, ou, no limite, no início do ano que vem. E a perspectiva da vacina da dengue, que será trivalente, é para o ano que vem”, explicou o médico hematologista, que detalha que o medicamento teve 79,6% de eficácia depois de três fases de estudos.
Em entrevista à rádio CBN Campinas, Cármino detalhou ainda que a vacina contra a dengue será eficaz contra três dos quatro tipos da doença: os tipos 1, 2 e 4, já que o tipo 3 nunca teve grande circulação. Além disso, terá aplicação única e poderá ser usada em pessoas que já foram infectadas e também em quem nunca teve contato com a doença. “Foram estudadas mais de 16 mil pessoas. A biossegurança é grande”, alega.
Nos últimos dias, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro da Qdenga, produzida pela empresa Takeda Pharma e indicada para população entre 4 e 60 anos. Além dela, a Dengvaxia, que só pode ser aplicada por quem já teve a doença, também já foi aprovada para uso na rede privada. No caso do Butantan, porém, as fábricas estão prontas para produzir as doses.
“As fábricas estão prontas, tanto para a chikungunya, quanto para a dengue. Os testes finais serão feitos, pois habilitar uma fábrica não é rápido. Temos vários processos. A perspectiva realista é que tenhamos a chikungunya primeiro, talvez ainda este ano. E a de dengue para o ano que vem”, diz Cármino de Souza.
O ex-secretário de Saúde de Campinas destaca ainda que esta é a primeira vacina a ser desenvolvida no Hemisfério Sul com a transferência da tecnologia para o Hemisfério Norte, lembrou que a dengue existe no mundo inteiro e que ela não será erradicada devido à facilidade de proliferação do aedes aegypti.