Campinas terá um novo bairro planejado em uma área que fica no entorno do Shopping Iguatemi, na Vila Brandina. O grupo que dá nome ao centro de compras, em conjunto com a Fundação Feac, está com um projeto para desenvolver um bairro construído ‘do zero’ na região que ainda possui áreas consideradas rurais, ocupando um terreno de 1 milhão de metros quadrados, área equivalente ao bairro da Vila Olímpia, em São Paulo.
Nomeado como Casa Figueira, o novo bairro será integrado ao shopping. Ele contempla os espaços vazios ao redor da Avenida Iguatemi e da Avenida Mackenzie, inclusive o terreno baldio entre a área do shopping, que também possui um hipermercado e a comunidade Buraco do Sapo, no Jardim Novo Flamboyant.
A criação da nova área, que vai transformar o trecho rural em um bairro planejado a partir do zero, deve beneficiar a circulação de pessoas no entorno do shopping que receberá uma melhor estrutura. A proposta é que o local será aberto como qualquer outro bairro da metrópole e que futuramente poderá abrigar outros estabelecimentos, hospitais e até escolas.
A intenção do novo projeto é criar 66 lotes urbanizados, que devem gerar cerca de 100 torres comerciais e residenciais, com um VGV (Valor Geral de Venda) estimado em R$ 10 bilhões de forma planejada. Para a rede Iguatemi, o investimento total vai variar entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões e a receita projetada de R$ 350 milhões a R$ 400 milhões na venda dos lotes. A intenção é que os primeiros lotes estejam prontos a partir de 2028.
Carlos Alberto Bandeira Guimarães, professor aposentado da FECFAU (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), considera a ideia de criar um bairro ao redor do shopping uma proposta moderna, em que aproxima a moradia e o local de trabalho de um espaço de serviços e entretenimento. Porém, ele lembra que há desafios a serem considerados no projeto (saiba mais abaixo).
Aumento na circulação de pessoas e criação de vagas de emprego
A expectativa é que o bairro abrigue cerca de 50 mil usuários e moradores diariamente. A iniciativa também vai gerar empregos na região, em quantidade ainda não estimada, tanto das pessoas envolvidas nas obras dos lotes comercializados, quanto de usuários que devem trabalhar no Casa Figueira futuramente.
O projeto será elaborado pela Broadway Malyan, uma empresa inglesa de “Urban Design”, e a Iguatemi será responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura, planejamento urbano e imobiliário e governança do bairro.
O acidade on Campinas entrevistou a CEO da Iguatemi, Cristina Betts, que deu mais detalhes sobre o projeto do bairro Casa Figueira.
Novo bairro planejado
A ideia de criar um bairro ao redor do Shopping Iguatemi vem desde a inauguração do centro de compras na década de 80, já que, segundo Betts, nessa época já existia uma vontade de usar esse terreno ao redor para anexar e fazer torres.
Apesar de ser um desejo passado, a CEO observa que, com o passar dos anos, a cidade “abraçou” a região do shopping. “Um lugar que era a ponta da cidade, hoje está no meio dela. Então, existia uma oportunidade realmente de fazer um bairro do zero num lugar incrível”, conta.
Não é a primeira vez que um shopping de Campinas fica conectado a prédios comerciais e residenciais. Essa experiência já foi feita no Galleria Shopping, por exemplo, centro de compras que também pertence ao grupo Iguatemi e conta com diferentes condomínios ao seu redor.
A empresa tem o costume de anexar o entorno dos shoppings construídos, mas, normalmente, a partir de torres por conta do espaço delimitado.
“Quando a gente tem nossos terrenos dos shoppings, muitas vezes a gente tem mais potencial construtivo do que a gente tem de capacidade de fazer shopping (…) Então, quando você sobra com potencial construtivo, a gente usa esse excesso de potencial para fazer torre anexa ao shopping, torre multiuso, às vezes a gente faz comercial, a gente faz residencial, às vezes hotel…”, detalha a CEO.
Porém, diferente dessas propostas, Cristina destaca que o Casa Figueira não se resume apenas a um empreendimento fechado. A intenção é que o local fique aberto como qualquer outro bairro, então até mesmo quem não for morador poderá utilizar o espaço.
Diferenciais do projeto
Entre seus principais diferenciais, há ainda a pretensão de construir outros estabelecimentos, como até mesmo hospitais e escolas, algo que ainda está sendo estudado. Haverá até mesmo um parque na região de um riacho que fica ao fundo do terreno.
Apesar de nunca ter tido um projeto como esse antes, Betts pontua que uma iniciativa como o novo bairro deve ser algo único realizado pelo grupo Iguatemi, já que é raro conseguir um terreno nessa dimensão, de 1 milhão de metros quadrados.
A CEO ainda destaca a preocupação com a sustentabilidade do bairro. Um exemplo disso é que, na primeira etapa, foi conquistada a certificação AQUA-HQE, atestado internacional de alta qualidade ambiental.
A Broadway Malyan também foi selecionada criteriosamente, por realizar esse tipo de projeto em diferentes localidades. A empresa costuma desenvolver bairros que vão ser feitos do zero ou redesenhados para dar uma cara nova à cidade. Um exemplo citado pela CEO é King’s Cross, em Londres, na Inglaterra, que abriga a famosa estação de trem onde está plataforma 9 ¾ da saga Harry Potter.
O outro lado do Casa Figueira
O acidade on Campinas consultou um especialista da área para analisar o projeto do Casa Figueira. Carlos Alberto Bandeira Guimarães, professor aposentado da FECFAU da Unicamp, considera a proposta interessante, principalmente por se tratar de uma área grande na cidade.
Guimarães aponta que Campinas já teve outras iniciativas de aproveitar uma área rural para criar um bairro do zero, como aconteceu no Nova Campinas e na Cidade Universitária, mas nunca com essa magnitude de 1 milhão de metros quadrados.
Segundo ele, a ideia de criar um bairro ao redor do shopping é uma proposta moderna, em que aproxima a moradia e o local de trabalho de um espaço de serviços e entretenimento, que seria o próprio Iguatemi.
Porém, o professor aponta que há alguns impactos e desafios a serem considerados no projeto, como a necessidade de precisar providenciar energia, água e esgoto para aquela região, que promete comportar cerca de 50 mil pessoas. “Tem que ser algo bem planejado, pensando até mesmo em integração com outras empresas, como de telecomunicações, por exemplo”, afirma.
Ele também elogia a ideia de ser um bairro aberto, já que hoje há uma tendência de gentrificação, em que algumas localidades acabam perdendo o “sentimento de cidade”.
No entanto, pensando na existência de uma comunidade na vizinhança do Casa Figueira, é possível que, com a valorização da região com o passar dos anos, aconteça uma expansão de novos empreendimentos imobiliários que levem a uma migração dos moradores do Buraco do Sapo.
Quais são os próximos passos?
A rede Iguatemi teve a aprovação para começar as obras do bairro Casa Figueira no ano passado. Nessa primeira etapa, Cristina Betts conta que eles construíram o que é chamado de “via protótipo”, como se fosse um quarteirão para testar algumas ideias para serem aplicadas na infraestrutura do bairro, como o modelo da rua, calçada, os equipamentos urbanos, etc.
As obras de infraestrutura já foram iniciadas e têm previsão de terminar em dois anos. Um próximo passo crucial para o projeto será a comercialização dos 66 lotes do bairro, que deve começar neste ano.
É difícil estimar uma data definitiva para a conclusão do projeto, que deve ir se expandindo ao longo dos anos, conforme a comercialização dos lotes. Segundo a CEO, entre a comercialização e a finalização de cada lote deve haver uma duração de quatro anos, ou seja, o bairro Casa Figueira vai começar a dar as caras a partir de pelo menos 2028.
O grupo espera ter uma comercialização de três a cinco lotes por ano. A estimativa é que o último lote será vendido em 2038.
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