A equipe de bobsled 4-man do Brasil chegou aos Jogos de Inverno de Pequim com o objetivo de ficar dentro do top 20, e foi isso o que aconteceu. O trenó ocupado por Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna e Rafael Souza terminou a bateria decisiva, disputada na madrugada deste domingo (horário de Brasília), como o 20ª mais rápido do mundo e garantiu o melhor resultado brasileiro na história da disputa masculina da modalidade.
A única colocação mais alta do país em provas de bobsled foi em Sochi, em 2014, quando Fabiana Santos e Sally da Silva ficaram em 19º na competição de duplas femininas. No masculino, a melhor classificação do país era, até então, o 23º lugar conquistado em 2018, na edição passada da Olimpíada, em Pyeongchang, pela equipe 4-man, naquela ocasião já integrada por Martins, Souza e o veterano Edson Bindilatti, considerado um símbolo do esporte.
A história do bobsled brasileiro em Jogos de Inverno se confunde com a história de Bindilatti. Atual capitão da equipe, ele estava presente na primeira participação olímpica do Brasil, nos Jogos de Salt Lake City, em 2002, assim como em todas as edições seguintes: Vancouver 2010, Sochi 2014 e Pyeongchang 2018. Aos 42 anos, foi para sua quinta e última Olimpíada, em busca da despedida perfeita, alcançada neste final de semana com o resultado histórico.
“É uma sensação de dever cumprido muito grande. Foram muitos anos de trabalho, dedicação, muita luta. O Brasil é isso, é coisa grande. A gente se dedicou bastante, lutamos bastante. Tivemos muitas dificuldades para chegar até aqui, mas só tenho agradecer porque a gente focou em resultado, evolução, em crescer, não ficamos nos lamentando”, contou Bindilatti.
A trajetória para chegar ao top 20 começou no sábado, após o time brasileiro conseguir o 20º melhor tempo da primeira bateria e o 16º da segunda. Então, voltou a descer a pista neste domingo, durante a terceira rodada, e conquistou a classificação inédita para a descida final, garantindo a conclusão do objetivo
“Antes de começar a quarta descida, foi impressionante. Estava vindo da sala de troca até o bloco de partida, algumas pessoas batendo palma, sabiam que era a minha última descida e a emoção veio, vontade de chorar, mas segurei porque precisávamos fazer bem essa última descida. Mas depois que passou a linha de chegada, não aguentei. Foi lindo porque chegar aos 42 anos em alto rendimento e pegar uma final olímpica, mostra que se você tem o objetivo, tem dedicação, uma hora vai dar certo”, disse Bindilatti.
Além dos quatro nomes dentro do trenó, a equipe é formada pelo reserva Jefferson Sabino e pelo técnico Bryan Berghorn. Há também um nome importante que estava na cabeça de todos eles no momento da última descida: Odirlei Personi, que fazia parte do time e morreu em um acidente de moto, em março de 2021. Ele esteve nas Olimpíadas de Sochi e Pyeongchang.
“Eu fiquei de segundo homem, no lugar do Odirlei. Depois da terceira descida, tivemos que nos motivar novamente. Lembramos que ele era o cara que sempre animava a equipe e todos falamos: vamos lá, é por ele também. E conseguimos fazer uma quarta descida melhor”, disse Rafael Souza.
A marca histórica dedicada a Odirlei encerrou a participação do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, que também chega ao fim nesta manhã, com a cerimônia de encerramento.