O pedido de recuperação judicial solicitado pelo Guarani no último dia 10 foi aceito pela Justiça de Campinas. Na decisão, a juíza Eliane Cássia da Cruz, da 7ª Vara Cível da cidade, definiu o prazo de 60 dias para que o clube apresente o plano de pagamento aos credores e também nomeou um administrador judicial para o processo. O Bugre informou uma dívida de cerca de R$ 59 milhões.
Com o aval, além de entender que a solicitação do Guarani possui legitimidade, a magistrada também dá início à suspensão por 180 dias das execuções judiciais contra o clube, assim como a proibição de qualquer retenção, penhora, ou busca e apreensão sobre bens do alviverde. Nesta etapa, o time também fica obrigado a fornecer dados e documentos ao administrador judicial que foi nomeado.
O PEDIDO
A solicitação foi impetrada na Justiça para que o Bugre consiga pagar as dívidas que giram em torno de R$ 59 milhões. A ideia é reunir todas as pendências financeiras em uma só para que seja mais fácil a organização e o gerenciamento dos pagamentos dos valores devidos. Por meio de nota oficial, o presidente Ricardo Moisés explicou sobre o momento financeiro atual do alviverde.
“Chegou a hora de o clube enfrentar sua dívida, propor uma forma de pagar e encerrar seus débitos e iniciar o pagamento de seus impostos. O equilíbrio, a boa administração e a organização serão as principais jogadas nesta partida que se inicia hoje, perdurará por alguns anos, mas que terá um resultado muito positivo para o futuro. Esta é uma decisão que pensa no Guarani para daqui mais de 10 anos, talvez como há muito não se pensasse”, disse o mandatário.
ADVOGADO EXPLICA
O advogado Ricardo Soler explicou em detalhes o passo a passo do processo até que o Guarani consiga a efetivação da sua recuperação judicial. De acordo com o advogado, o processo para que o Bugre efetive sua recuperação depende de algumas etapas.
“Caso a Justiça aceite o pedido, será feito o seguinte processo: análise das liminares, dos créditos, a negociação das dívidas até a homologação, e a efetivação da recuperação judicial”, disse Soler.
DÍVIDAS
Grande parte das dívidas estão relacionadas à ações civis movidas contra o clube. Sob a administração de Ricardo Moisés, as ações trabalhistas foram consideravelmente reduzidas, o que tem facilitado a organização financeira do clube. O dirigente detalha isso na nota publicada no site, informando que o valor das ações trabalhistas giram em torno de R$ 10 milhões.
“Antes mesmo da recuperação judicial, o Guarani conseguiu diminuir muito sua dívida trabalhista, restando hoje menos de 10 milhões a serem sanados”, ressaltou o presidente. Ele também entende que o processo para eliminação total das dívidas do clube será árduo, mas extremamente necessário para que o time volte a estar na elite do futebol brasileiro. Além disso, o momento atual é muito mais favorável para a eliminação das dívidas do que alguns anos atrás.
O QUE AGRAVOU?
Alguns dos pontos principais para explicar a atual dívida do Guarani passam pelos períodos de instabilidade em administrações passadas e, aliado a isso, o período de pandemia, entre 2020 e 2021, que atingiu de forma drástica as finanças do clube. Atualmente o Guarani possui credores que estão há 25 anos sem receber do clube, que também não paga seus impostos desde os anos 90.
Essa dívida acumulada deixa o clube impossibilitado de gerar receita com a venda de jogadores e penhora as contas do clube, gerando muito constrangimento não só para a diretoria, mas também ao torcedor, que aguarda por boas contratações e times competitivos para conseguir títulos.
Vale lembrar que nos últimos anos, devido a esse valor acumulado em dívidas, o time tem sofrido em campo para fazer boas campanhas e tem flertado com certa frequência com a zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro da Série B.
Por meio da recuperação judicial, o Guarani vai apresentar um plano de pagamento aos seus credores para resolver seu passivo cível definitivamente.