Único a vencer quatro Copas do Mundo e eternizado na seleção brasileira, Mário Jorge Lobo Zagallo agora é, literalmente, um monumento para o futebol nacional. Isso porquê a CBF inaugurou no fim da manhã desta quinta-feira uma estátua de cera em tamanho real do ex-jogador e técnico. Ela ficará no museu da seleção, junto às de Pelé e Marta.
Zagallo compareceu à cerimônia e se impressionou com a semelhança da estátua. Com 30 kg, ela foi produzida em Londres por 26 artesãos, no mesmo ateliê que produziu as de Pelé e Marta. Foram necessários dois anos para conceber a peça, período em que foram feitas 300 medições na casa de Zagallo e em que foram analisadas mais de 500 fotos dele.
“É impressionante. Eu jamais pensei em poder bater um papo com o Zagallo”, brincou ele próprio, enquanto olhava para sua representação de cera. “Quero agradecer essa grande homenagem por tudo o que eu fiz dentro da Amarelinha.”
Antes, Zagallo recebeu homenagens de Carlos Alberto Parreira e de Américo Faria, dupla com quem teve grande histórico na seleção. O técnico Tite também fez um breve discurso. “(O senhor é) exemplo, inspiração, liderança, humanismo. Talvez, Zagallo, tu não saiba o quanto representa para todos nós de uma geração, que te vê como exemplo. Muito obrigado, muito obrigado, pela classe toda de técnicos”, declarou Tite.
Aos 91 anos, Zagallo se locomove com o auxílio de uma cadeira de rodas, e ainda que estivesse um pouco debilitado, demonstrou disposição nesta quinta-feira. Ele lembrou alguns de seus títulos, sobretudo o primeiro, na Copa do Mundo de 1958, quando era jogador. “Toda hora eu estou revendo na televisão o jogo de 58, o jogo de 62, e eu fico babando. É bom, é bom quando se ganha!”.
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NÚMERO DA CAMISA
Ao final da cerimônia, Zagallo recebeu duas camisas da seleção brasileira com o seu nome. Uma delas, amarela, com o número 13, historicamente associado ao treinador por ser seu número de sorte. A outra, azul, tinha o número 11, com a qual ele teria jogado pela seleção.
Ao receber a 11, contudo, Zagallo fez uma ressalva. “Essa é a azul, número 11, mas eu joguei com a número 7. O Garrincha, o maior de todos, jogou com a 11. Mas eu estou aqui para lembrar de um Garrincha, de um Pelé, de um Tostão, de um Rivelino, de um Clodoaldo, de um Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Gerson, que eu considero um dos melhores meio-campo que eu vi jogando. Ninguém me contou, eu vi”, ressaltou Zagallo.
Nos bastidores da CBF, porém, a entrega da camisa 13 foi a que gerou alguma preocupação. Isso porque trata-se do mesmo número de Lula na disputa à presidência da República, e há o receio de que a imagem soe como propaganda política.
Foi exatamente isso o que aconteceu há dez dias, mas no outro lado do espectro político. Em viagem aos Estados Unidos, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, posou para foto entregando uma camisa da seleção com o 22 às costas para John Slusher, um executivo da Nike. Na corrida à presidência, o número é o de Jair Bolsonaro. A CBF, contudo, explicou que a escolha pela numeração era meramente uma homenagem a Slusher, que no passado fora jogador de futebol americano e usava esse número.
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