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Lazer e culturaEstar nas redes sociais é necessário, mas sem excessos

Estar nas redes sociais é necessário, mas sem excessos

Até que ponto é saudável viver superconectado? Especialista faz alerta e indica até o ‘detox digital’

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Paola Moreno Bernardi afirma que prefere o mundo real (Foto: Weber Sian / ACidade ON)

A tecnologia ao alcance da palma das mãos tem feito dos smartphones verdadeiras extensões do corpo. Hoje em dia é quase impossível ver alguém sair de casa sem o celular. A velocidade de informações e o novo modelo mental de excesso de estímulos e demandas faz com que as pessoas sintam a necessidade de estarem conectadas o tempo todo, 24 horas por dia. Mas até que ponto isso é saudável? Quando o excesso de exposição nas redes passa a ser prejudicial? 

Relatório da OMS divulgado em 2017 constatou que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas portadoras de transtornos de ansiedade: 9,3% da população manifesta o quadro. E parte desses distúrbios vem do excesso de tempo que as pessoas passam no celular.  

De acordo com a psicóloga Monica Silvestre Santos, a crença de que é preciso estar superconcetado acelera não só o mundo interno do indivíduo, mas também interfere em suas ações futuras. 

“Tudo ficou muito rápido, e as pessoas têm sofrido as consequências dessa instantaneidade. Ficar ansioso nada mais é que sofrer em relação ao futuro. E a maior parte das pessoas não percebe que está cada vez mais dependente das tecnologias, das redes sociais. Acaba sendo uma escolha inconsciente”, afirma. 

A falsa ilusão do like
 
Além de conectar pessoas fisicamente distantes, as redes sociais desempenham um papel que pode ser chamado, segundo Mônica de “impulso de gratificação”. Existem estudos que comprovam que as interações estabelecidas nas redes sociais acionam, no cérebro do indivíduo, hormônios ligados à relação de bem-estar. 

“Vemos um like e temos aquela sensação boa de que estamos sendo vistos. Aos poucos, ficamos viciados nos likes, que nada mais são que relações líquidas, conexões que nos dão uma falsa sensação de afeto. Acaba sendo uma grande ilusão”, diz. 

Para a psicóloga, o perigo não é a existência da rede social em si, mas sim a forma como as pessoas fazem uso delas e quanto tempo é dispendido nisso. “A questão da ostentação é muito presente nas redes. Não adianta eu ter algo. Preciso mostrar que tenho. Não adianta ir ao restaurante, é preciso tirar a foto da comida. Essa cultura da ostentação acabou com a privacidade das pessoas. É como se tivéssemos hoje um diário coletivo”, explica Mônica. 

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Feliz, só que não
 
A necessidade de só expor o colorido da vida, além de reforçar a cultura da aparência e o superficialismo, pode despertar no outro um incômodo. De acordo com Mônica, o indivíduo, ao ver uma situação em que aparentemente só é permitido sentir alegria, começa a se comparar com o outro e sofrer por isso, o que pode desencadear uma série de sintomas, doenças e até depressão. 

E qual a hora de procurar ajuda? Segundo a psicóloga, a parte mais difícil é a pessoa viciada em redes sociais admitir que está com o problema. “Geralmente é o olhar de terceiros que acaba alertando a pessoa. Um filho que desenha na escola a mãe com o celular na mão, a queixa de algum parente próximo, um acidente de trânsito por estar dirigindo com celular”, diz.
Alguns sintomas, como insônia, angústia e sofrimento também podem ser um sinal de que a pessoa está com algum transtorno de ansiedade. 

Como evitar?
 
E como evitar o vício? Segundo Mônica, não existe receita para isso a não ser a autoconsciência do usuário. “É importante que a pessoa tome consciência do porquê está fazendo uso da rede. Se é algo automático ou se existe ali um propósito. O detox digital é uma ótima alternativa para a busca desse equilíbrio, para que você possa mostrar para si que pode viver sem aquilo 24h por dia”, diz a psicóloga. 

A empreendedora social Paola Moreno Bernardi, 43, afirma que prefere o mundo real e o contato físico, mas mesmo assim já se viu diante de situações de stress por conta do excesso de uso de redes sociais.  

“Tenho tendência a ser acelerada e a consumir muita informação. Até um ano atrás, me vinha muito a sensação de precisar acompanhar e participar de tudo. Entrava fácil nessa engrenagem de urgência e necessidade de presença. E era muito cansativo, mental e fisicamente”, diz. 

A exposição às redes chegou a afetar a saúde de Paola. Ela relata que já teve ataques de labirintite por conta de passar muito tempo em aplicativos como Whatsapp e Facebook. Para amenizar os efeitos negativos que a rotina superconectada pode desencadear, a empreendedora social adotou algumas medidas para se “desintoxicar”. 

A primeira foi desinstalar o Facebook (rede que Paola mais utilizava) do smartphone. “Antes eu entrava para um motivo específico, mas acabava me voltando para outros conteúdos e ficava por 3h ou 4h conectada, sem aproveitar o dia. Há um ano desinstalei o aplicativo e foi uma benção. Hoje em dia fico semanas sem acessar e isso não me afeta”, diz. 

Paola também afirma que criou o hábito de entrar nas redes sociais somente depois das 10h durante a semana, e pelo computador. Desativou todas as notificações de aplicativos no celular e só acessa quando realmente precisa. 

“Dificilmente estou conectada depois das 20h e evito usar as redes sociais nos finais de semana e feriados. Nestas datas, olho o whatsapp duas ou três vezes ao dia e só uso alguma rede se precisar fazer alguma pesquisa. Desde o começo deste ano que foco no meu ritmo, no que é minha prioridade pessoal ou profissional e em qualidade em vez de quantidade”, conclui.

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