Tenho uma teoria sobre a relação de Campinas com o monumental Maestro Carlos Gomes: a cidade não gosta do seu filho mais ilustre.
No entanto, a verdade contrária é uma constatação. Carlos Gomes era apaixonado por sua terra natal.
Aliás, quando saiu daqui e foi para o Rio de Janeiro, seguindo sua trajetória ao estrelato europeu – com patrocínio imperial – o fez exatamente por não ver muitas possibilidades de ser reconhecido por sua terra, liderada por uma aristocracia escravagista.
Talvez por sua origem simples e sua pele morena? Quem pode dizer que não?! O filho de Maneco Gomes e Fabiana Jaguary, antes de seguir viagem, profetizou que seu retorno à Princesa d´Oeste seria na seguinte condição:
“Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!”
Voltou coroado de glória, mas não chegou ao extremo de retornar aos ossos, pois veio de Belém (PA) embalsamado.
O retorno de Carlos Gomes ao Brasil
Depois do retorno ao Brasil, após curto período na Itália justificado por negar-se a compor o hino da recém proclamada República, Carlos Gomes se estabeleceu em Belém (PA) e por lá ficou até sua morte, sucumbindo a um câncer de língua e garganta.
Demorou quase um mês para ser enterrado, pois seu cortejo parou em algumas capitais para que o maior artista brasileiro da história fosse reverenciado. Cansativo, mas, merecidíssimo.
Ao chegar em Campinas, depois de uma verdadeira epopéia, foi enterrado no histórico Cemitério da Saudade, no mausoléu da família Ferreira Penteado e por lá ficou por quase 10 anos.
Uma homenagem à altura
O menino mestiço campineiro, que impressionou Giuseppe Verdi a ponto do consagrado compositor italiano decretar que nosso ‘Tonico’ tinha as credenciais para ser seu sucessor. Recebeu de sua cidade um lugar para chamar de seu, no coração do município.
Um belíssimo monumento túmulo, com uma escultura assinada pelo maior escultor do período entre o final do Império e início da República, Rodolfo Bernardelli.
Mexicano, naturalizado brasileiro, Bernardelli foi por muito tempo mestre e a maior referência da academia nacional de belas artes, sediada no Rio.
Ninguém melhor que ele para materializar o maior compositor das Américas, segundo muitos especialista.
Preservação e memória
É muita gente grande em um assunto. É muita responsabilidade para um povo cuidar disso tudo.
Não sei se por um sentido de baixíssima autoestima ou uma completa ausência de senso de pertencimento e/ou identidade, o povo campineiro não se reconhece em Carlos Gomes.
Não vou me aventurar em analisar sanitariamente os furtos de itens de metal ao túmulo histórico por usuários de droga.
Esses seres martirizados pelo crack não possuem o menor senso de autopreservação, que dirá esperar deles a compreensão do valor de uma biografia ou de um patrimônio monumental.
Mas e os pichadores?
E as senhoras que levam seus cachorrinhos todos os dias para fazerem xixi e cocô no túmulo de um herói da pátria?
Onde estamos errando? Será que só punição resolve? Acho que não.
Para mim, a história de vida e de morte do maestro são suficientes para convencermos campineiros e campineiras de que Antônio Carlos Gomes tem que ser protegido por nós.
Essa foi uma missão dada ao povo campineiro por todo o país. A gente só precisa assumir isso, para que essa mãe com péssima memória seja reapresentada ao seu filho mais ilustre para que encerre essa ausência secular de amor e carinho, com Tonico.
Quer ficar ligado em tudo o que rola em Campinas? Siga o perfil do acidade on Campinas no Instagram e também no Facebook.
Receba notícias do acidade on Campinas no WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta acessar o link aqui!
Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Campinas e região por meio do WhatsApp do acidade on Campinas: (19) 97159-8294.
LEIA TAMBÉM NO ACIDADE ON PIRACICABA
Homem é preso com 68 kg de droga após ultrapassagem
Entregador de Piracicaba leva tiro depois de discutir com motorista