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PolíticaDr. Jairinho é indiciado pela 3ª vez por tortura de menino de três anos

Dr. Jairinho é indiciado pela 3ª vez por tortura de menino de três anos

O parlamentar está preso desde o dia 8 de abril, acusado de ter matado o enteado Henry Borel, 4, juntamente com a mãe do garoto, Monique Medeiros

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Jairinho quando foi detido pela polícia. (Foto: Tânia Rego/Agencia Brasil)

 

JÚLIA BARBON
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O vereador carioca Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, foi indiciado pela terceira vez nesta terça-feira (1º), pela suposta tortura de um menino de três anos. A mãe da criança, a assistente social Débora Mello Saraiva, 34, ex-companheira do acusado, também foi indiciada por omissão. 

O parlamentar está preso desde o dia 8 de abril, acusado de ter matado o enteado Henry Borel, 4, juntamente com a mãe do garoto, Monique Medeiros. Ele também foi indiciado há cerca de um mês pela tortura da filha de outra ex-companheira, entre 2010 e 2013.  

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a investigação concluída agora pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima comprovou as agressões ao menino por meio de um boletim de atendimento médico, documentos e depoimentos de testemunhas -incluindo a própria vítima, que hoje tem 8 anos, e sua irmã.  

O político teria sufocado a criança com um saco na cabeça e dado pisões em seu abdômen. Ela também sofreu uma grave fratura no fêmur ao tentar sair do carro para fugir do vereador e teve que ficar imobilizada com gesso por cerca de dois meses, de acordo com o delegado Adriano França.  

Nos arquivos enviados pelo hospital à polícia, uma psicóloga relata que o paciente chorava e que não queria entrar no veículo em que se acidentou. Os médicos escreveram que o garoto tinha dois hematomas na bochecha e assaduras nos glúteos, o que comprovaria outras agressões naquele dia. 

Jairinho e Débora foram indiciados ainda por falsidade ideológica, porque disseram no hospital que a fratura e as demais lesões teriam sido causadas por um acidente automobilístico. Para os investigadores, isso significa que eles “passaram informação falsa para inclusão em documento público”. 

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“Os relatos no hospital ocorreram na presença da mãe da vítima que, mesmo sabendo o que tinha ocorrido, continuou vivendo em um imóvel que pertencia a Jairinho e não comunicou os fatos às autoridades. Ela teria, ainda, permitido que a criança saísse sozinha com o autor em outra ocasião”, argumenta a polícia.  

Ela foi indiciada pelo crime de “tortura imprópria”, ou seja, “aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las”, com pena de um a quatro anos de prisão. No caso de Jairinho, a detenção prevista é de dois a oito anos, com possibilidade de ampliação.  

Débora omitiu as agressões em seu primeiro depoimento à delegacia que apurava a morte de Henry, em 22 de março. Depois que o político foi preso, porém, confirmou que ela e o filho sofreram violências durante os seis anos em que se relacionaram, entre 2014 e 2020, incluindo um período em que ele era casado.  

Ao programa Cidade Alerta, da TV Record, ela disse que não procurou a polícia por medo de represálias. Contou que foi agredida várias vezes pelo ex-namorado, incluindo socos, chutes, enforcamento, mata-leão e mordidas na cabeça, e que certa vez teve um dedo do pé quebrado por um chute dele.  

Na ocasião, ela falou também que não descartava a possibilidade de o parlamentar ter quebrado o fêmur de seu filho, em um episódio que inicialmente foi tratado como acidente. Ele pediu para levar o menino a uma casa de festas e minutos depois relatou que a criança havia machucado o joelho ao descer de um carro, segundo ela.  

A reportagem tentou contato pelo celular de Débora nesta terça, mas não conseguiu. O advogado de Jairinho, Braz Sant’Anna, disse que ainda está aguardando cópias do inquérito, que já foi enviado ao Ministério Público.  

“Nós só tínhamos conhecimento do depoimento prestado por Débora, mas o indiciamento somente se deu nesta data. Nos causa estranheza um silêncio de uma década. A versão é bastante inverossímil”, afirmou ele por mensagem.  

De acordo com a polícia, ainda há outros inquéritos em andamento envolvendo o vereador. “Outras possíveis vítimas não foram descartadas, bem como a responsabilização de possíveis outros crimes desvendados durante o curso dos procedimentos na [delegacia] especializada, além de punições no âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, diz em nota.

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Luciana Félix
Luciana Félixhttps://www.acidadeon.com/campinas/
Supervisora de conteúdo digital do acidade on e do Tudo EP. Entrou no Grupo EP em 2017 como repórter do acidade on Campinas, onde também foi editora da praça. Antes atuou como repórter e editora do jornal Correio Popular e do site do Grupo RAC. Também atuou como repórter da Revista Veja, em São Paulo.
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