Você é do time que quando a Olimpíada começa passa a contar os dias, as horas e também os minutos para as disputas das quase 50 provas de atletismo?
Bem-vindo ao clube da galera que se amarra naquele momento mágico, como um sprint final numa corrida de fundo. Ou num momento decisivo de outra prova, afinal de contas, são 24 voltadas aos homens e 23 às mulheres e mais uma mista.
Essa diversificação nas provas se dá:
1) Pelas diferenças encontradas na forma de execução;
2) nas características atléticas requeridas por cada uma das modalidades;
3) e pela apropriação dos mais diferenciados biotipos físicos.
Não é sem motivos que o atletismo ocupa uma posição de protagonista em programas de educação física escolar nos países desenvolvidos, como, por exemplo, os Estados Unidos.
Além disso, o atletismo tem o maior número de atletas participantes nas Olimpíadas e os maiores públicos em estádios olímpicos. Só que este segundo quesito, infelizmente, não foi a realidade de Tóquio 2021.
De certa maneira, o atletismo representa a síntese de todos os demais esportes, pois seus diversos e diferentes movimentos estão presentes em quase todas as demais modalidades esportivas. Saiba mais aqui
O salto, a velocidade e a agilidade são fundamentos básicos das modalidades do atletismo, assim como pressupostos para outros segmentos esportivos.
Tais movimentos ajudaram a construir as primeiras formas de prática desportiva, pois são movimentos que se desenvolveram com o próprio surgimento do ser humano, que, nos primórdios de sua história, por questões de sobrevivência, aprendeu, instintivamente, a realizar tais esforços para resolver as tretas que sempre fizeram parte da nossa existência.
Pensando em você, apaixonado por corrida, foi preparado abaixo um conteúdo recheado de curiosidades e acontecimentos históricos sobre o atletismo, em especial, as corridas de fundo (rua).
A intenção aqui é te ajudar a entender um pouco mais sobre essas modalidades apaixonantes que compõem o combo atletismo e que norteiam a cabeça de muitos corredores por aí.
Uma das formas de se manter firme e ainda mais assíduo aos treinos é por meio do conhecimento. Apreender um pouco mais sobre a modalidade, a sua história ou tipo de atividade física que se pratica é mais do que necessário, é eficiente. Ler também é um baita de um exercício. Partiu!
Os 5.000 metros masculino
O mergulho nas competições de atletismo começa com os 5.000 metros. A modalidade teve sua origem nos Jogos disputados na antiguidade e começa a ser praticada pela primeira vez no ano de 720 antes da Era Cristã.
Inicialmente, esta modlaidade foi batizada como “dolichos”, era uma alusão às proezas dos antigos mensageiros militares que transportavam mensagens e instruções por grandes distâncias, principalmente, em tempos de guerra. Via de regra, não era um evento muito popular.
No final do século 19, os 5.000 metros passam a se apropriar de um maior interesse público. O primeiro tempo registrado, o de (16.34.6), foi marcado em 1897 pelo atleta George Touquet-Daunis em Paris, na França.
Já em tempos de coordenação da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), o primeiro tempo registrado (14.36.6) foi marcado pelo finlandês Johannes Kolehmainen no ano de 1912 em Estocolmo, na Suécia. O finlandês venceu numa chegada épica o francês Jean Bouin com uma diferença de inacreditável 1 décimo de segundo.
No Brasil, o primeiro recorde reconhecido nesta modalidade foi do atleta Francisco Amaral, vencedor do primeiro campeonato brasileiro em 1925, com o tempo de (16.52.9).
Os 10.000 metros masculino
As corridas de fundo são, de uma maneira geral, criações historicamente recentes e eram bem populares no final do século 19, principalmente, nas Ilhas Inglesas.
Então, não é de se estranhar, que o primeiro tempo que se tem registro seja marcado devidamente em Londres. Em 1877, o inglês James Gibb fez parar o cronômetro em (33.31.0).
E o protagonismo britânico não parou por aí. O primeiro recorde reconhecido pela IAAF é também de um inglês, Alfred Shrubb, que no ano de 1924 em Glasgow na Escócia marcou no cronometro o tempo de (31.02.4).
Em terras tropicais, o primeiro recorde reconhecido foi do atleta Ernesto Todato que conquistou o I Campeonato Brasileiro em 1925, com o tempo de (35.05.0).
Os 3.000 metros com obstáculos masculino
Imagine a cena: meados do século 19, corredores ingleses, eles de novo, corriam de uma cidade a outra se orientando por campos e igrejas. Mas nem tudo eram flores e cruzes no trajeto dos destemidos britânicos.
Ao correr, eles se deparavam com obstáculos que precisavam ser superados. Eram pequenos córregos e muros de pedra que separavam propriedades que eles encontravam durante a corrida. Com as tretas pelo caminho, nasce a corrida com obstáculos.
A primeira corrida de obstáculos que se conhece aconteceu em Edimburgo no ano de 1828. A modalidade foi introduzida no programa esportivo da Universidade de Oxford em 1860 e na segunda edição dos Jogos Olímpicos de 1900 disputada em Paris.
Na ocasião foram disputadas duas corridas: uma de 2.500 metros e outra de 4.000 metros. A distância foi oficializada em 3.000 metros no ano de 1920 nas Olimpíadas da Antuérpia. Nesta época, os obstáculos já eram outros. Os muros de pedra e os córregos do século 19 deram lugar a barreiras e fossas de água.
O primeiro recorde reconhecido pela IAAF só veio em 1954 numa competição europeia disputada em Berna na Suíça. A marca de (8.49.6) é do húngaro Sandor Roznyoi.
No Brasil, o primeiro recorde reconhecido foi do atleta Joaquim Luiz Filho, que em 1925, venceu o primeiro campeonato nacional com o tempo de (10.21.5).
Os 3.000 metros feminino
Ao longo da história Olímpica as mulheres ocuparam os espaços nos Jogos aos poucos. Tanto que nas Olimpíadas disputadas na Grécia Antiga, elas eram proibidas até de frequentarem as arenas em que as competições aconteciam, quanto mais serem atletas. Entenda mais aqui (entra url do texto 01 sobre curiosidades olímpicas que produzi).
As mulheres só foram autorizadas a competir nas Olimpíadas apenas na segunda edição dos Jogos da Era Moderna em Paris, na França, no ano de 1900.
É interessante contextualizar isso, pois, quando o assunto são as corridas de fundo femininas, se trata de uma construção social e esportiva recente do ponto de vista histórico.
A marca mais antiga que se tem registro data de junho de 1966 e foi de responsabilidade da canadense Roberta Picco que correu os 3km com o tempo de (9.44.0).
Já a Associação Internacional de Atletismo só reconheceu a modalidade esportiva seis anos depois, em 1972. O primeiro recorde foi da soviética Lyudmila Bragina, com o tempo de (8.53.0) em Moscou no mesmo ano.
Os 3.000 metros para mulheres só foram incluídos no programa Olímpico nos Jogos de Los Angeles nos Estados Unidos em 1984.
Pelas bandas de cá, o primeiro recorde reconhecido foi da atleta Soraya Vieira Telles, vencedora do campeonato de meio-fundo disputado no Rio de Janeiro em 1978 com o tempo de (9.52.6).
A primeira marca registrada nesta modalidade voltada para às mulheres é da australiana Adrienne Beames, com o tempo de (34.08.0), em Adelaide na Austrália em 1972.
Já o primeiro recorde reconhecido pela IAAF é da atleta soviética Yelena Sitapova, que em Moscou, no ano de 1981, cravou no cronômetro (32.17.20).
A portuguesa Fernanda Ribeiro conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta e a de bronze nos Jogos de Sydney, na prova dos 10.000 metros.
No Brasil, o primeiro recorde reconhecido foi da atleta Carmem de Souza Oliveira que venceu o campeonato brasileiro em 1985 disputado na capital paulista, com o tempo de (35.22.15).
Os 200 metros rasos
Não é exagero apontar os 200 metros rasos como uma das modalidades Olímpicas mais antigas e tradicionais da história dos Jogos. Foi disputada pela primeira vez nas edições iniciais das Olímpiadas, ainda na Grécia Antiga.
O trajeto correspondia a 660 pés gregos, cerca de 192 metros, uma volta inteira no estádio. Isso equivale aos 200 metros rasos percorridos nas Olimpíadas atuais.
Os atletas partem de uma linha escalonada para compensar o efeito da curva e garantir a mesma distância para todos os corredores. Nesta modalidade, a coordenação motora é essencial para o desenvolvimento do atleta.
Atenção: não se pode utilizar a força máxima de um músculo ou grupo muscular se a parte coordenativa não estiver equilibrada e saudável.
Embora esta prova seja mais longa que a dos 100 metros rasos, os últimos 100 metros, são percorridos com maior velocidade do que na própria competição dos 100 metros rasos. Que doideira!
Se liga: nas provas de velocidade não é permitido invadir a raia do vizinho. Caso role esta treta e fique caracterizado que houve prejuízo ou benefício para o atleta invasor, o resultado não será homologado e o competidor será desclassificado da prova. Perdeu, playboy!
O primeiro recorde de que se tem notícia nos 200 metros masculino é do britânico William Collett, que, em 1866, em Londres, fez a volta no estádio em exatamente 23 segundos.
Michael Johnson ganhou cinco medalhas de ouro Olímpicas e foi nove vezes campeão do mundo de atletismo. Ele foi o primeiro homem a vencer os 200 e os 400 metros rasos na mesma Olimpíada, realizando tal feito nos Jogos de 1996 em casa, na cidade de Atlanta.
Por essas razões, muitos consideram Michael Johnson como um dos maiores atletas de todos os tempos.
O primeiro recorde reconhecido no Brasil foi do atleta Gil de Souza que cravou 23 segundos e conquistou o primeiro campeonato brasileiro da modalidade em 1925.
Os 100 metros rasos
O tempo que você leva pra ler o começo deste parágrafo é quase o mesmo tempo que o Bolt levou para correr os 100 metros rasos nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Ufaaa!
Para ser mais exato, Usain Bolt, a lenda jamaicana, cumpriu a prova em menos de 10 segundos. 9.81 segundos para ser ainda mais exato. Aliás, este é melhor tempo da vida de Bolt que já se aposentou das pistas. Em tempo! Ele também venceu os 200 metros rasos nos Jogos do Rio, modalidade que foi apresentada anteriormente.
A corrida dos 100 metros é a modalidade com percurso mais curto das modalidades disputadas em competições ao ar livre. Ela dura, como vimos com o jamaicano, por volta de 10 segundos ou menos para homens e 11 segundos para mulheres.
Aos vencedores e vencedoras… o título mais do que merecido de homem e mulher mais rápidos do mundo.