Neste dia 7 de setembro é comemorado os 200 anos da Independência do Brasil e, em Ribeirão Preto, também há outro marco: os 100 anos da avenida Nove de Julho, uma das mais importantes da cidade, cartão postal e tombada como patrimônio histórico do município.
O advogado e promotor de Justiça aposentado Octávio Verri Filho, guardião de um acervo de livros e trabalhos que contam a história de Ribeirão Preto, explica que a avenida Nove de Julho foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1922, dentro das comemorações do centenário da Independência.
Na ocasião, foram inaugurados os três primeiros quarteirões da via – entre as ruas Tibiriçá e São José -, denominada justamente de “Avenida Independência”. “Na mesma data ainda foi implantado o obelisco, que na época ficava na esquina com a rua Tibiriçá. Depois ele foi trasladado para a confluência das atuais avenidas Independência e 9 de julho”, explica.
Saiba quem é a pessoa homenageada na nova sede da Prefeitura de Ribeirão
Casal de Ribeirão organiza viagem pela América do Sul a bordo de Mobi
A lei 270/1922, aprovada pela Câmara Municipal e promulgada pelo então prefeito João Rodrigues Guião, define a área que a avenida foi construída “a partir da rua Tibiriçá quatro metros além do fundo do Comercial Foot-Ball Club [nota da redação: no local hoje funciona a Recreativa], devendo o primeiro trecho ser inaugurado por ocasião das festividades”, afirma o documento – clique aqui e confira.
O atual nome, em homenagem a deflagração da Revolução Constitucionalista de 1932, considerada a data magna do Estado de São Paulo, demorou alguns anos para que pudesse ser adotado. Em 1934, foi publicado o ato nº 60 que definiu a mudança de nome para avenida Nove de Julho, o que foi ratificado pelo ato nº 75 de 5 de setembro de 1939.
Já o prolongamento até a atual avenida Independência, na confluência com a avenida Presidente Vargas, começou a ser implantado em 1949, no governo do prefeito José de Magalhães, que declarou como utilidade pública a desapropriação e a compra de terrenos para continuação da via. Neste mesmo ano, teve início o calçamento com paralelepípedos entre as ruas Barão do Amazonas e Cerqueira César.
Importância
A importância da avenida Nove de Julho para história e urbanização de Ribeirão Preto é tanta, que o professor de geografia Raphael Garcia se dedicou a estudar a via na universidade. O material coletado pelo professor, inclusive, foi apresentado em um congresso internacional.
Ele reforça que a Nove de Julho adotou diversas funções ao longo de seus 100 anos de história. “Se passou por área nobre residencial, em outras épocas a vida noturna se sobressaiu e hoje, majoritariamente, se destaca como uma das principais avenidas de fluxo comercial e de serviços”, afirma.
Raphael destaca que a avenida tem grande importância para conexão entre os bairros da cidade, outras avenidas importantes e polos comerciais de Ribeirão Preto. Por isso, ele espera que a obra proposta para o local possa aprimorar o bem-estar e o direito de ir e vir da população.
“Confesso que, enquanto habitante e professor do município, sempre valorizarei nossas raízes histórico-culturais, embora não seja visível uma movimentação efetiva para que haja um restauro satisfatório da Avenida e do seu intransitável canteiro central”, declara.
Expectativa de restauro
Quem passa pela avenida Nove de Julho hoje em dia, vê as irregularidades no leito da via, alvo de críticas de motoristas e moradores, além da falta de manutenção do canteiro central e inúmeros imóveis fechados com placas de “vende-se” e “aluga-se”.
Para recuperar o glamour da avenida, a Prefeitura de Ribeirão Preto publicou, em maio, um edital para que o local fosse restaurado. Contudo, a licitação foi dada como deserta, já que nenhuma empresa apresentou interesse em participar da obra.
Por meio de nota, a prefeitura informou que o projeto está na secretaria de Obras para atualização das planilhas e a previsão é que retorne para secretaria da Administração no mês de outubro para novo processo licitatório.
“A avenida Nove de Julho passará por restauração em toda sua extensão, revitalizando o canteiro central, calçadas e mantendo os paralelepípedos e pedras portuguesas, já que a avenida é tombada desde 2008 e patrimônio histórico de Ribeirão Preto”, informa.
Para Raphael, a Nove de Julho deve ter um planejamento que busque a restauração que abranja a sustentabilidade e modernizações às realidades da população.
“Isso já deveria estar agregado às políticas públicas do município há anos. Assim, além de ser um novo cartão postal histórico-cultural, atrativo ao comércio e à população, viabilizaria a circulação de pessoas, o tráfego urbano, o paisagismo e, principalmente, o bem-estar social”, disse.