A morte de Luana Barbosa, que ocorreu em Ribeirão Preto em abril de 2016, foi citada pela ONU (Organização das Nações Unidas) como exemplo do racismo em instituições de polícia, em relatório publicado nesta segunda-feira (28). O relatório cita outros casos, como a morte do menino João Pedro, no Rio de Janeiro, e de George Floyd, nos Estados Unidos.
A ONU examinou a morte de 190 pessoas negras em ações policiais espalhadas pelo mundo. O documento aponta a necessidade de se enfrentar os legados da escravidão, como o racismo sistêmico, além de procurar uma “justiça reparadora”.
“Faço um apelo para que todos os países comecem a desmantelar o racismo, para acabar com a impunidade e construir confiança, para que ouçam os negros, que enfrentam legados do passado e que promovam uma reparação histórica”, disse a comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet.
Para o advogado Daniel Rondi, que representa a família de Luana Barbosa, a pressão pública internacional pode influenciar o estado brasileiro a acabar com o racismo sistêmico nas forças de segurança.
“A ONU, por uma questão de soberania, não pode intervir, mas de fato é um importante caso que está sendo analisado pela comunidade internacional”, disse o advogado em entrevista para EPTV. Para ele, o relatório das Nações Unidas demonstra que o mundo está de olho para o julgamento, que acontecerá em Ribeirão Preto.
O caso
Luana Barbosa morreu cinco dias após ter sido agredida por Policiais Militares durante uma abordagem policial, no Jardim Paiva, na zona Norte de Ribeirão Preto. Luana estava em uma moto e levava o filho para um curso.
As agressões teriam ocorrido após Luana não ter aceitado ser revistada por homens e exigiu a presença de uma policial mulher. Segundo o relatório hospitalar, Luana sofreu isquemia cerebral e traumatismo cranioencefálico, causado pelo espancamento.
O julgamento dos policiais acusados de causarem a morte de Luana Barbosa ainda não foi marcado. Isso porque, a defesa dos policiais recorreu da decisão da Justiça de levar a decisão para o Tribunal do Júri. Eles negam que tenham cometido o crime.