A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) emitiu um parecer técnico após vistorias realizadas na região onde ocorreu o vazamento de substância tóxica, em Pontal, a cerca de 40 quilômetros de Ribeirão Preto, em 4 de outubro último. O documento obtido com exclusividade pela EPTV, revela que não foi identificada a substância envolvida, nem a fonte da emissão.
A equipe da Cetesb realizou vistorias em empresas, casas e redes de esgotos, entre os dias 4 e 11 de outubro, sobretudo nas vias rua Alexandre Andrucioli e Estrada Municipal da Vargem Rica, no bairro Campos Elíseos, epicentro do vazamento. A população afirmou que avistou nesses pontos, uma névoa com concentração de produto químico. Também houve relatos de cheiro forte vindo dos ralos.
De acordo com o documento, nas redes de esgoto, não havia nada que pudesse ser um risco iminente de geração de gases ou vapores tóxicos. Os técnicos, no entanto, encontraram na Vargem Rica resíduo oleoso possivelmente proveniente de oficinas e serviço e a rede estava parcialmente obstruída. Na Andrucioli havia concentração detectável de substâncias químicas com pH alto, entre 9 e 10, possivelmente de proveniência industrial.
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Recomendações
No relatório, a Cetesb informa que as ações legais cabíveis por parte do orgão, inclusive administrativas e fiscalizatórias, terão continuidade e serão divulgadas oportunamente. Enquanto isso, foi recomendado à Prefeitura a adoção imediata de ações para eliminar a contaminação por substâncias químicas nas redes de esgotos da cidade.
Segundo o orgão é preciso que a administração verifique se existem oficinas e demais estabelecimentos comerciais que manipulam produtos químicos e realizam lançamento de efluentes na rede de esgotos e, em se confirmando, que seja exigida a instalação imediata de caixas separadoras de óleos e graxas.
Também recomenda que a Prefeitura confirme se as caixas de contenção de empresas não permitem extravasamento para a rede de esgotos e que realize, lavagens frequentes até que ocorra o controle do lançamento de resíduos oleosos na rede de esgotos.
Empresas
Em relação às empresas, a Cetesb informou que elas devem se adequar as condições de armazenamento de seus produtos, de modo que não haja produtos químicos armazenados de forma inapropriada, sem identificação ou em mau estado de conservação.
Pede ainda à adequação de sistemas de drenagem industriais de modo a não permitir o lançamento de efluentes industriais, sem atendimento aos padrões legais, na rede pública de esgotos, bem como, haja eficiente segregação das águas pluviais dos efluentes industriais.
Hipoclorito
Pesquisadores do Departamento de Química da USP de Ribeirão Preto também colaboram com as análises. A equipe encontrou hipoclorito em materiais que foram coletados na região onde ocorreu o vazamento de gás tóxico. Dos sete materiais, entre eles papéis, chaves, cadeados e moedas, cinco apresentaram a substância.
O vazamento foi na noite de terça-feira (4) e afetou principalmente moradores do bairro Campos Elíseos. Dezenas de pessoas foram atendidas na Santa Casa de Pontal, com sintomas de falta de ar e precisaram ser transferidas para hospitais da região. A trabalhadora rural Alessandra Alves da Silva, de 39 anos, não resistiu e morreu.