- Publicidade -
CotidianoConsequência de uma causa nobre

Consequência de uma causa nobre

Economista estuda escolhas em um ambiente de escassez e as consequências dessas escolhas

- Publicidade -

Eliseu Hernandes D’Oliveira, assessor de investimento da Blue Trade (Foto: Weber Sian / ACidade ON

 

- Publicidade -

Muita gente acha que economista estuda orçamento familiar, PIB e investimento, porém economista estuda escolhas em um ambiente de escassez (em que não se pode ter tudo) e as consequências dessas escolhas. Tais consequências às vezes são previsíveis e muitas outras não são. Isso é válido para orçamento, para investimentos, para políticas públicas e, claro, para a economia do país, entre outros tópicos. Uma das leis econômicas é que as pessoas respondem a incentivos (Mankiw, 2019). Políticas públicas podem ter uma causa nobre, mas geralmente causam consequências ruins. A área que estuda a reação das pessoas é a Economia Comportamental. 
 
Quando tomamos decisões, cometemos erros. Todos nós sabemos disso por experiência própria, é claro. Entretanto, um fluxo aparentemente interminável de evidências experimentais nos últimos anos documentou a tendência humana para o erro. Essa linha de pesquisa – conhecida como economia comportamental – tornou-se a abordagem acadêmica dominante para a compreensão de decisões. Seus praticantes tiveram uma grande influência nos negócios comerciais, governamentais e financeiros. 
 
O famoso economista francês, Frédéric Bastiat, escreveu: “Na esfera econômica, um ato, um hábito, uma instituição, uma lei não geram somente um efeito, mas uma série de efeitos.  Dentre esses, só o primeiro efeito é imediato. Manifesta-se simultaneamente com a sua causa. É visível. Os outros só aparecem depois e não são visíveis. Podemo-nos dar por felizes se conseguirmos prevê-los.” 
 
Essa semana tivemos o decreto de fechamento de quase tudo, inclusive supermercado, por parte dos prefeitos e governadores. A causa nobre é evitar que o sistema de saúde entre em colapso e consiga salvar mais vidas. O efeito imediato que se buscava com o decreto era reduzir aglomerações. Entretanto, como as pessoas não são previsíveis e respondem a incentivos, existe uma série de efeitos que se encadeiam. 
 
A mais óbvia, mas não prevista, foi as aglomerações nos supermercados em toda a cidade, durante todo o dia após o anúncio de fechamento. Filas gigantescas espalhadas pela cidade. Obteve-se justamente o efeito contrário ao esperado. 
 
A consequência de todas essas aglomerações ainda está por vir. Se estamos vivendo a consequência das aglomerações de carnaval, então daqui a pouco a conta chega do decreto feito às pressas, sem ao menos pensar nessa possibilidade.
 
A arte do apelo da pesquisa sobre economia comportamental é que, mesmo que não diga a nós qual decisão tomar, pelo menos nos alerta sobre formas de pensamento que estão obviamente erradas. Se estar ciente do efeito torna menos provável que nós defendamos uma linha de política pública ignorante em vez de investir em uma que faça sentido lógico, provavelmente estaremos em melhor situação.

- Publicidade -
Ricardo Canaveze
Ricardo Canaveze
É repórter no portal ACidade ON Ribeirão Preto. Formado em Jornalismo pelo UNIFAE em 2003, tem uma experiência em editorias como Cotidiano e Polícia. Já atuou em emissoras de rádio no início da carreira na comunicação, a partir da década de 1990, e em jornais impressos como o A Cidade. Está no Grupo EP desde 2007.
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Notícias Relacionadas
- Publicidade -