Sem muitas surpresas, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a meta da taxa Selic
em 1,5 pontos percentuais, chegando no patamar de 9,25% ao ano. A Selic é a taxa básica
de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo
Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do
país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações
financeiras.
Mais importante do que essa elevação que ocorreu, foi justamente o comunicado que o
comitê faz ao final de cada reunião. Esse último texto divulgado foi interpretado pelo
mercado como sendo um endurecimento nas políticas do Banco Central. Foi dito que o
Copom fará o que for necessário para controlar a inflação e já avisou que vai subir na
próxima reunião, 1,5 pontos percentuais novamente.
Teremos então a taxa Selic no patamar de 10,75% ao ano. Ou seja, teremos a taxa
básica de juros da economia dois dígitos novamente com impactos significativos para
os investimentos e para a economia. Os ativos pós fixados, aqueles que acompanham
essa alta. Então, caso você tenha um CDB (ou equivalentes) com uma rentabilidade de
120% do CDI, você terá 1% ao novamente sem grandes riscos.
E claro que eu não poderia deixar de falar da Caderneta de Poupança. Se já era ruim,
ficou ainda pior. Pois de acordo com as normas, toda vez que a taxa Selic ultrapassa
8%, a poupança volta a render 0,5% ao mês + TR (taxa referencial). Não se preocupe
com a TR, hoje em dia ela está zerada. Logo, a poupança vai render 6,17% ao ano e
esse patamar é menor que 70% da Selic (remuneração abaixo dos 8%). A distância
entre as duas taxas aumentou. Caso você adore a caderneta, procure descobrir como
investir no Tesouro Selic. É mais seguro, mais líquido e com maior rentabilidade.
Porém não é só nos investimentos que a situação muda. Quando ocorre uma mudança
na taxa básica, tudo na economia que é indexado a ela, muda também. Os juros do
cartão de crédito, dos empréstimos e financiamentos em geral (imobiliários e de
veículos, por exemplo) se tornam mais caros. Isso desestimula o consumo e favorece a
queda da inflação, já que a pressão sobre os preços se reduz (lei da oferta e demanda).
E é exatamente isso que o Copom está buscando ao subir a taxa Selic.
E pra onde vai essa taxa? O mercado está precificando que até maio do ano que vem,
veremos a meta da taxa Selic em 12% ao ano.