BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, disse que as variantes do coronavírus no Brasil têm se mostrado mais agressivas em grávidas.
A pasta recomenda postergar a gravidez nesse período crítico da pandemia.
A declaração foi dada em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (16).
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Apesar de não mostrar pesquisas que comprovem que as novas variantes sejam mais agressivas, ele disse que a pasta já está trabalhando para fomentar e realizar esses estudos. O secretário não especificou a quais variantes se referia.
“Estudo nacional ou internacional não temos, mas a visão clínica de especialistas mostra que a variante nova tem ação mais agressiva nas grávidas. Antes, [a gravidade] estava ligada ao final da gravidez, mas, agora, vê uma evolução mais grave no segundo trimestre e até no primeiro trimestre.”
Câmara disse que a recomendação é para que as grávidas avaliem postergar a gestação no período de pico pandêmico, como aconteceu no período da epidemia da zika no Brasil.
“Caso possível, postergar um pouco a gravidez para um melhor momento para que você possa ter a gravidez mais tranquila. É lógico que a gente não pode falar isso para quem tem 42, 43 anos, mas para uma mulher jovem que pode esperar um pouco, o mais indicado é esperar um pouco.”
Na ocasião, ele anunciou uma portaria que destina R$ 247 milhões para apoiar estados e municípios para implementação de medidas para apoiar gestantes.
A quantia pode ser utilizada para hospedagem de gestantes e puérperas que não possuem condições de isolamento domiciliar. Como exemplo citou hotéis e casas de gestantes.
Além disso, o valor pode ser disponibilizado para reforçar a atuação das equipes de atenção primária para fazer a identificação precoce e monitorar gestantes com suspeita ou com casos confirmados de Covid-19.
Ele também vai possibilitar o encaminhamento de gestantes para o pré-natal odontológico.
Câmara disse ainda que vacina contra o coronavírus já é recomendada em grávidas e puérperas com fatores de risco, segundo uma nota técnica divulgada pela pasta.
No entanto, a pasta está estudando ampliar para todas as gestantes.
“Especialistas do Brasil pedem com bastante força que todas entrem. Nós estamos em tratativas avançadas, mas é importante lembrar que a gestação é um período trombótico. A gente tem que ter muito cuidado porque algumas vacinas, mesmo de forma muito rara, têm mostrado efeito colateral nesse sentido. Qualquer recomendação tem que ser feita com muito cuidado, muita técnica para não errar.”
O número de mortes maternas por Covid-19 mais do que dobrou nas 13 primeiras semanas de 2021 em relação à média semanal do ano passado.
Passou de 10,4 óbitos (449 mortes em 43 semanas de pandemia de 2020) para 22,2 nas primeiras semanas deste ano, com 289 mortes.
Embora estudos mostrem que a gestação e o pós-parto aumentam o risco de complicações e morte por Covid-19, no Brasil, o alto número de óbitos maternos associados à doença é atribuído, principalmente, à falta de assistência adequada.
Desde o início da pandemia, uma em cada cinco gestantes e puérperas (22,6%) mortas por Covid não teve acesso à UTI e 1 em cada 3 não foi intubada, último recurso terapêutico para os casos graves da Covid-19.