Durante o ano de 2020, foi decretado a morte do CDI várias vezes. Todas as reuniões do COPOM, de fevereiro até agosto do ano passado, ocorreu esse decreto. Porém essa semana tivemos mais uma reunião do COPOM com a decisão de subir a taxa Selic em 75 pontos. Foi a terceira alta consecutiva e já se encontra em patamares pré pandêmicos.
A taxa Selic que tinha terminado o ano de 2019 no patamar mais baixo da história (4,5%), foi reduzida ainda mais por causa da pandemia com o objetivo de estimular a economia durante a crise. Terminou o ciclo em 2%. Como o CDI acompanha a taxa Selic, também ficou no patamar mais baixo da história. Entretanto entramos novamente em um ciclo de alta de juros.
Deve terminar o ano em torno de 6,5% e isso impacta diretamente os investimentos financeiros. Nível esse de juros que para nós brasileiros que estamos acostumados com juros de dois dígitos ainda é baixo. Porém, muitos economistas estimam que já seria suficiente para deixar de estimular a economia do país. Acima desse nível, o Banco Central estaria freando a atividade econômica.
O motivo desse ciclo de alta é principalmente a escalada da inflação. Basta ir ao supermercado para perceber que tudo está mais caro. Parte desse efeito é consequência dos estímulos econômicos dados pelo governo e pelo Banco Central. Outra parte se deve ao descasamento entre oferta e demanda. Fábricas ficaram paradas durante a pandemia que reduziu o estoque de produtos no mundo. E uma outra parte se deve à depreciação do dólar que deixa as importações mais caras com um todo.
A Selic mais alta atua nessas 3 partes. Na parte cambial, diminui a pressão de desvalorização, pois atrai novamente o investimento financeiro do diferencial de juros. Mais pessoas comprando Real e vendendo dólar para investir aqui, faz com que o câmbio aprecie. Na parte de estímulos (redução deles), ajuda a controlar a demanda o que contribui para equilibrar o descasamento com a oferta.
Quem pode sair perdendo no mundo dos investimentos são os fundos multimercados da estratégia macro que geralmente não conseguem entregar rentabilidade em ciclos de alta. Não é uma regra necessariamente, mas o histórico mostra dessa forma. Imóveis também podem sair perdendo, pois os financiamentos ficarão mais caros. E alguns setores da bolsa de valores, como de varejo por exemplo, também podem ser impactados. São hipóteses do que pode acontecer. O mercado financeiro é imprevisível.
Selic mais alta equivale a CDI mais alto. CDI mais alto equivale a rendimentos da caderneta de poupança mais altos. Isso não quer dizer que comece a ser um bom investimento (nunca será!). Também significa que ativos de renda fixa pós-fixados voltam a chamar a atenção novamente. Ativos esses que estavam “abandonados”, mas que com o CDI acima de 6% se tornam mais atrativos. Um retorno de 130% do CDI, pode equivaler a mais de 8%. Por isso o CDI passa bem, apesar de ter morrido ano passado.