O sogro e a sogra do jornalista britânico Dom Philipps divergem quanto à chance dele e do indigenista Bruno Pereira ainda estarem vivos.
Os dois estão desaparecidos desde domingo passado, dia 5, quando faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, na Amazônia. A polícia investiga o caso, mas até agora não chegou a nenhuma conclusão.
Para a aposentada Maria Lúcia Farias Sampaio, de 78 anos, mãe de Alessandra Sampaio, que é casada com o jornalista britânico, “ele já não está mais entre nós”: “Para ser sincera, não existe mais esperança”, afirmou, durante ato promovido na manha deste domingo, 12, na orla de Copacabana, na zona sul do Rio, para cobrar das autoridades que intensifiquem as buscas pelos dois desaparecidos e tomem providências contra as violações de direitos na Amazônia.
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A manifestação foi organizada por amigos e familiares do jornalista britânico, que está no Brasil há 15 anos e morou no Rio, de onde se mudou há um ano para Salvador. “Estamos aqui em homenagem a Dom e Bruno”, disse Maria Lúcia.
Já o sogro do jornalista, o aposentado Luiz Carlos Rocha Sampaio, de 80 anos, ainda tem esperanças. “Eu ainda alimento a esperança de encontrá-lo. Peço a Deus que não seja em vão essa nossa luta”, afirmou.
O casal tem três filhos – Alessandra, casada com Philipps, continua em Salvador, de onde acompanha as buscas pelo marido. A irmã dela viajou para Salvador assim que o sumiço foi anunciado, para fazer companhia a Alessandra. O outro irmão, o produtor Marcus Farias Sampaio, de 49 anos, participou do ato na zona sul do Rio.
“A gente sabe que é muito difícil. Enquanto não houver uma resposta definitiva, a gente tem que acreditar. Mas a gente está aguardando o pior, embora tenha muita fé”, afirmou.
A atriz Lucélia Santos também participou do ato. “Esse episódio vem escancarar a realidade trágica e horrorosa que está acontecendo no Brasil hoje. Que perseguem e matam as pessoas nessa região já é do conhecimento de todos. O que a gente não podia imaginar é a vulnerabilidade do Exército, de não reunir as condições adequadas para a busca. A sociedade precisa se unir e exigir do governo o esclarecimento do caso. Dom e Bruno não podem simplesmente sumir no interior da floresta”, disse a atriz.
O ato começou às 9h na avenida Atlântica em frente ao posto 6, onde Dom fazia aulas de stand-up paddle, quando morava no Rio. Às 10h20, um grupo de aproximadamente 50 pessoas, segurando cartazes com fotos dos desaparecidos, se reuniu para, em coro, gritar “onde estão Dom e Bruno?”