Um possível roteiro para o próximo filme do Brad
Imagine que eu seja apresentado ao Brad Pitt. Quando falo meu nome, ele diz:
– Puntel… Puntel… Norte da Itália, acertei?
Eu fico pasmado! Sim, porque meu avô paterno veio de lá e….
– Udine, se não me engano! ele acerta na mosca. E acrescenta: – Lembro até da cidadezinha, porque todos lá eram Puntel.
– Sim… sim… eu gaguejo… a cidade devia ser Paluzza…
– Exato! – ele até sorri mais largo. Fiz um filme lá e não me esqueceria jamais!
Posso continuar na minha imaginação, leitores? Quando ele sabe que escrevo para o acidade on e que até já escrevi roteiro de cinema, ele pede meu whats e ficamos de nos encontrar na semana seguinte, porque ele estava vivamente interessado em um possível roteiro que eu escreveria para o próximo filme dele.
Na semana seguinte
Na semana seguinte, como em um filme de Hollywood, vou ao seu encontro e, ao me aproximar, eu o cumprimento, todo sorridente. Ele me olha de cima a baixo, estranhamente, como se não me conhecesse.
– Who are you? ele dispara um “não te conheço” embrulhado em um “nunca te vi” e colocando um ponto final na nossa entrevista, me despacha um “fora daqui”.
PROSOPAGNOSIA
E vou aproveitar a oportunidade da crônica para falar deste distúrbio neurológico. Portanto, sabe por que o Brad não me reconheceria? Porque ele tem prosopagnosia, ou “cegueira facial”. Trocando em miúdos, já que não sou o dr. Ricardo de Oliveira, neurologista que poderia explicar tecnicamente o que aconteceu com o cérebro do Brad, ele vê uma pessoa uma vez, mas não garante reconhecê-la uma segunda vez.
Prosopo, em grego, quer dizer “pessoa”, já agnosia é “desconhecimento”. Entenderam que se juntarmos as duas palavras dá prosopagnosia, que é o problema do maravilhoso ator? Pacientes há que, para não serem vistos como pedantes, arrogantes, se achando o tal na fila do pão, evitam até sair de casa.
Há um caso na Alemanha, de uma pintora chamada Carlotta, que desde criança ela não se reconhecia e nem pessoas próximas. Vale a pena ver os quadros dela no seu insta @carlottahimself . Ela pinta o próprio rosto, mas como ela não se reconhece, ela pinta quase no escuro. É impressionante a sua obra. E ela só foi saber disso, de que tinha este distúrbio neurológico, já bem velha. Há um filme – Lost in face – do seu neurologista, o dr. Valetin Riedl, que mostra também a vida de Carlotta.
FICA O ALERTA
Se vocês, leitores, conhecem alguém com esta síndrome, indiquem um neurologista para possíveis acompanhamentos.