O Bosque Zoológico Fábio Barreto, de Ribeirão Preto, atendeu em 2022, até no início de dezembro, por meio do programa ‘Uma Nova Chance’, mais de 1,6 mil animais silvestres resgatados que foram vítimas de queimadas, atropelamentos, acidentados na natureza ou até vítimas de maus-tratos em decorrência de tráfico de animais.
Segundo o chefe da Divisão de Unidades de Conservação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Alexandre Felcar, o bosque tem cerca de 670 animais no plantel e desses, pouco mais de 200, foram atendidos pelo programa e ainda aguardam destinação, pois há chance ou não de reintroduzi-los à natureza.
“Não existe aqui na região muitos locais de atendimento desses animais silvestres e o Bosque faz esse papel de receber esses animais. Eles são atendidos e avaliados pelo medico-veterinário e podem passar por cirurgias, quarentenário; são nutridos, e depois reintroduzidos em seu habitat natural, sendo que alguns permanecem no plantel, por não terem condições de voltarem para a natureza. Todos que estão aqui hoje são animais vitimados, ou que vieram de transferência de outras instituições ou que nasceram em cativeiro”, explica.
Os animais são levados ao bosque pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental e às vezes até por munícipes. O médico-veterinário do Bosque, Marcio Junio Lima Siconelli, explica que a expectativa é sempre de reabilitação completa desses animais, contudo, uma parte acaba não sobrevivendo pelas condições que chegam ao recinto.
“Cerca de 50%, mais o menos, recuperam-se. Isso não significa exatamente que estão aptos, por exemplo, a voltar para a natureza, pois muitos deles ficam sequelados, infelizmente. A maior parte ainda acaba vindo a óbito pela condição que chega até nós; uma lesão mais grave, ou foi encontrado depois de muito tempo. E é importante salientar isso! Animais silvestres quando encontrados já caídos e permitem chegar perto, é porque estão extremamente esgotados. Por isso, muitas vezes a reversão é complicada”, disse.
Além de tentar salvar os animais e torná-los aptos ao seu retorno à natureza, outro objetivo do programa é descobrir o que levou àquela situação. “Quando conseguimos descobrir também é uma felicidade grande. Embora não tenha conseguido salvar aquele animal especificamente, a gente vai conseguir, muito provavelmente, salvar outros animais, com base naquilo que a gente encontrou nesse último caso”, ressalta Siconelli.
VEJA TAMBÉM
Empresa realiza mutirão de emprego na região de Ribeirão Preto
Tudo o que você precisa saber sobre a Corrida de São SIlvestre
História de superação
Resgatados em 2021, quando ainda eram filhotes, os lobos-guarás Jabotá (macho) e Goiaba (fêmea), são moradores do bosque. Desgarrado dos pais, Jatobá foi encontrado em estado de hipoglicemia às margens de uma rodovia em Serrana. Já a fêmea, Goiaba, vítima de incêndios florestais, foi encontrada com queimaduras nas patas, em uma fazenda na região de Jardinópolis.
Submetidos aos tratamentos veterinários pela equipe do Bosque, o casal teve uma boa recuperação e atualmente divide o mesmo recinto, na antiga ala do leão. Sem condições de serem reintroduzidos ao habitat natural, ao menos por enquanto, a equipe do zoo não esconde a felicidade de poder acompanhar uma possível reprodução da espécie.
“Estão recuperados, nutridos e são animais hoje completamente sadios. Eles tem que voltar aprender a caçar, porque eram filhotes. Isso é todo um trabalho, mas também existe a possibilidade, enquanto eles estão aqui pareados – a gente não pode fechar os olhos – que eles podem procriar. E isso seria maravilhoso, porque essa procriação poderá até ajudar no aumento da população [dessa espécie] de forma a treinar esses filhotes e poder reintroduzi-los em seu ambiente”, disse Felcar.
“O objetivo principal desse ‘pareamento’ não é nem a questão do animal ficar solitário ou não, mesmo porque na natureza eles têm hábitos de vida solitário e encontram-se apenas para reprodução. Um dos objetivos do zoológico, em termos de conversação das espécies e diante deu uma espécie ameaçada de extinção, é que esses animais possam reproduzir, gerar novos descendentes e que sejam soltos na natureza na sequência”, complementa Siconelli.