A Organização Mundial da Saúde (OMS) se mostrou preocupada com a quantidade de casos confirmados de varíola dos macacos e também com o crescente número de países com confirmações, em nova reunião do comitê de emergência para avaliação do surto, nesta quinta-feira, 21. Conforme o diretor-geral, Tedros Adhanom, já são mais de 14 mil notificações recebidas vindas de 71 nações.
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“Continuo preocupado com o número de casos, em um número crescente de países”, disse Adhanom, no discurso de abertura da reunião. Ele destacou que é “agradável” notar uma aparente tendência de declínio em alguns países, “mas outros ainda estão vendo um aumento, e seis países relataram seus primeiros casos na semana passada.”
No Brasil havia 607 casos confirmados até dia 21 de julho, dos quais 438 são no estado de São Paulo. Em Ribeirão Preto são três pacientes positivos para a doença.
O comitê se reuniu pela primeira vez no final de junho e decidiu que, naquele momento, o surto não configurava uma emergência de saúde pública de importância internacional (PHEIC, em inglês). Uma PHEIC é um “evento extraordinário” que apresenta risco através da propagação internacional e requer “resposta internacional coordenada”. Desde 2007, a organização só soou esse alerta seis vezes. Atualmente, apenas a covid-19 e o poliovírus têm esse status.
No dia 6 de julho, quando havia 6 mil notificações de 58 países, o diretor-geral declarou que reuniria os especialistas novamente. No anúncio, Adhanom frisou que a testagem “continua sendo um desafio” e que era “altamente provável” que um número “significativo” de casos não estivessem sendo testados.
Nesta quinta, Adhanom destacou que as considerações da reunião anterior haviam ajudado a “delinear a dinâmica desse surto”. “À medida que o surto se desenvolve, é importante avaliar a eficácia das intervenções de saúde pública em diferentes ambientes, para entender melhor o que funciona e o que não funciona.”
Grande parte dos casos continua a ser relatada por homens que fazem sexo com homens (HSH), que incluí gays e bissexuais, conforme Adhanom. Para ele, o padrão ao mesmo tempo em que representa uma oportunidade para implementar intervenções de saúde pública direcionadas, é também um “desafio”. “Porque em alguns países, as comunidades afetadas enfrentam discriminação com risco de vida.” Ele também frisou que há risco de estigmatização da comunidade, o que tornará o surto ainda mais difícil de controlar.
Surgimento dos casos
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.
O vírus pode ser transmitido por meio do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.
Sintomas
Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, ao final, crostas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.
Prevenção
De acordo com o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que viajantes e residentes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem. Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além do contato com pessoas infectadas.
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