A Policia civil abriu nesta segunda-feira (1) um inquérito para investigar o desabamento do teto de uma gruta que matou nove bombeiro civis e deixou outros sete feridos em Altinópolis, a 60 quilômetros de Ribeirão Preto.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), o caso será investigado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O acidente foi no início da madrugada do domingo (31) na gruta Duas Bocas, que fica em uma propriedade particular. Os bombeiros estavam participando de um treinamento no local.
Chuva e fogueira
O instrutor Rafael Sorde explica que o grupo chegou até a gruta, mas devido ao tempo chuvoso, não foi possível prosseguir com o curso que reunia 28 alunos. “Como a chuva estava muito forte e teve um desabamento de uma árvore na trilha, por medida de segurança, a gente resolveu não sair da caverna e pegar a trilha que tem dois quilômetros. Então a gente ficou no local e colocamos uma lona para todo mundo ficar relaxado. E por volta de 00h40, houve o desabamento da caverna”, disse.
Segundo o bombeiro civil Diego Gomes de Oliveira que também estava no treinamento, o grupo acendeu uma fogueira dentro da gruta por causa do frio. “Querendo ou não, a gente tinha que fazer uma fogueira para nos aquecer, se não a gente morria de frio né? Foi pequena [fogueira] só para claridade, para espantar os animais”, afirma.
O dono da escola, Sebastião de Abreu disse que outras empresas realizam treinamentos na gruta e que o local foi analisado três dias antes e também no dia do treinamento pelos instrutores. “No sábado, fizeram de novo uma análise de risco da gruta e entraram, não estava chovendo na hora e de repente começou a chover bastante”, relata Abreu.
Treinamento com risco
Embora as empresas realizem esse tipo de treinamento, o coordenador regional de Defesa Civil, Rodrigo Quintino explica que o salvamento em gruta é um trabalho restrito a bombeiros militares. “Os bombeiros civis por atribuição são aqueles profissionais treinados e preparados dentro de ambiente controlado: shopping center, dentro de empresa e até em prédios públicos, mas com atribuição bem limitada”, disse.
Em razão do grave acidente, o Conselho Nacional de Bombeiros Civis, vai incluir um capitulo especifico sobre grutas e cavernas nas diretrizes de segurança dos treinamentos. O presidente da entidade, Ivan Campos defende que o treinamento seja feito em um ambiente de risco controlado. “Não pode expor os alunos ao risco real. Vamos intensificar campanhas para que o pessoal de ensino não promova esse tipo de atividade e, principalmente, estudantes não devem aceitar se expor em situações de risco”, conclui. (Com EPTV)