Uma vendedora de Taquaritinga, a 80 quilômetros de Ribeirão Preto, carrega cicatrizes que a enchem de orgulho, sinais de uma das maiores provas de amor ao próximo que pode existir.
Angela de Paula Barbosa de 36 anos, doou metade do seu fígado a uma criança de 3 anos, diagnosticada aos quatro meses com uma atresia de vias biliares, doença que ocorre em recém-nascidos e pode causar falência hepática e morte precoce.
VEJA TAMBÉM – Objeto extraterreste causou impacto em cratera de SP, mostra pesquisa
A história dos dois começou a ser escrita, quando Angela viu um post, onde a mãe do pequeno Jadson, a dona de casa Francicléia Gonzales faz um apelo por um doador. Sensibilizada, ela fez contato e decidiu ajudar.” Foi o coração. Quando eu vi a fotinha dele, falei: é isso que eu tenho que fazer. Eu senti na alma”, lembra Angela.
No Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi feita a cirurgia, os médicos foram diretos com Angela antes da decisão final.”Os médicos são bem claros que há risco de morte tanto para mim quanto para criança. A pessoa tem que estar 100% certa do que está fazendo, porque é difícil uma cirurgia, é um transplante muito difícil”, comenta.
A cirurgia
De Novo Aripuanã (AM), Francicléia se mudou com o filho para São Paulo. A esperança era conseguir um doador para ele, mas ela descobriu na capital paulista que a luta seria difícil: Na frente do pequeno Jadson ainda havia 60 crianças.
Contudo, o destino colocou Angela no caminho da família. A cirurgia foi no fim de novembro no Sírio Libanês e o organismo do pequeno Jadson reagiu bem e aceitou o órgão.
A criança segue em recuperação no Hospital Menino Jesus, também na capital para combater uma infecção, mas segundo a mãe, ele está bem. A expectativa é que ele receba alta em breve.
Sobre a atitude de Ângela, ele só tem gratidão. “Foi uma mãe pro meu filho. Ela é a segunda mãe do Jadson, não tenho palavras para agradecer”, reforça.
Dores e cicatrizes
Com parte do fígado funcionando, Angela foi obrigada a mudar seus hábitos alimentares e hoje precisa evitar até bebidas alcoólicas. Apesar de todos os esforços, dores no pós-operatório e as cicatrizes, o sentimento é de que fez a coisa certa.
“É um anjinho. Ele está lutando para viver (…) E eu falei que eu vou ver os netos dele. Vou ver ele casado, com a família dele, porque ele sofreu muito. Eu sou mãe de alma”, conclui. (Com EPTV)