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CotidianoSeu dinheiro: A bola de cristal de janeiro

Seu dinheiro: A bola de cristal de janeiro

A pergunta mais comum é: “O que você espera que o mercado faça este ano?”. Essas previsões sempre erram

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Eliseu Hernandesz D’Oliveira, assessor de investimento da BlueTrade (Foto: Weber Sian / ACidade ON

As discussões de investimento no início do ano são dominadas pelas previsões para o próximo ano. A pergunta mais comum é: “O que você espera que o mercado faça este ano?”. Essas previsões sempre erram.

O índice da bolsa de valores atingiu o recorde histórico ainda em 2020, refletindo a divergência entre o mercado financeiro, especificamente ações, e o mercado real (de bens e produtos). A diferença entre esses dois mercados é uma das várias lições importantes de 2020. Os investidores que aplicarem as lições aprendidas no ano passado em sua estratégia de longo prazo podem melhorar os resultados do investimento e reduzir o estresse relacionado a investir.

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É difícil para muitas pessoas compreender o mercado de ações ultrapassar o pico histórico em um ano em que houve quase 9 milhões de infecções por coronavírus relatadas e quase 200.000 mortes no Brasil, junto a um declínio estimado do Produto Interno Bruto (PIB) de que quase 4,5%, de acordo com o Relatório Focus (analistas consultados pelo Banco Central), e milhões de pessoas desempregadas.

A pandemia amplificou diferenças significativas entre a economia real do Brasil e os mercados de capitais. Bloqueios e outras medidas de distanciamento social causaram graves danos ao PIB e ao emprego, especialmente nos setores de serviço, restaurantes, viagens e entretenimento.

Os grandes vencedores do mercado de ações em 2020 foram segmentos que se beneficiaram do “fique em casa”, incluindo varejo on-line e tecnologia, e do rally de commodities do segundo semestre. Os grandes perdedores do mercado de ações em 2020 foram os segmentos de ações mais afetados pelo distanciamento social, incluindo viagens, companhias aéreas e lojas físicas.

A intervenção no mercado dos bancos centrais e o estímulo fiscal dos governos ajudaram a conter a onda de vendas em março. O apoio maciço da política federal forneceu a liquidez necessária às famílias, empresas e mercados de capitais, aumentando a confiança dos investidores e reduzindo o risco de uma onda generalizada de falências pessoais e empresariais.

Muitas boas empresas sofreram com o fechamento generalizado de segmentos da economia global, forçando os investidores a revisitar as decisões de portfólio feitas sob um conjunto muito diferente de expectativas econômicas. Entre as dimensões mais desafiadoras de investir durante 2020 estava a necessidade de avaliar se algumas das empresas mais afetadas pela pandemia acabariam fechadas permanentemente ou teriam poder de permanência de longo prazo, com esperança de uma eventual recuperação (Azul, Gol e CVC, por exemplo).

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Evitar decisões motivadas pelas emoções durante as quedas do mercado foi um tema recorrente no ano passado. Os investidores que saíram da bolsa durante a queda de março na tentativa de reduzir perdas, amargaram grandes prejuízos e não pegaram a volta. A expressão em inglês é “Market Timing”. Passa a ideia da tentativa de acertar o melhor momento, porém isso quase nunca dá certo.

A incrível e não confiável “bola de cristal” de janeiro, se torna muito mais confiável em períodos mais longos. Parece contraintuitivo, mas no longo prazo os preços convergem para os fundamentos e isso faz com que o planejamento de investimentos seja pensar com o longo prazo e se preocupar menos com a volatilidade do dia a dia.

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