A inflação representa uma ameaça “furtiva” para os investidores porque reduz o retorno do investimento. A maioria dos investidores visa aumentar o seu poder de compra de longo prazo. A inflação coloca essa meta em risco porque os retornos do investimento devem primeiro acompanhar a taxa de inflação para aumentar o poder de compra real. Por exemplo, um investimento que retorna 2% antes da inflação, em um ambiente de 3% de inflação, na verdade produzirá um retorno negativo (-1%) quando ajustado pelo índice inflacionário.
Se os investidores não protegerem suas carteiras, a inflação pode ser prejudicial aos retornos de alguns ativos. Muitos investidores compram CDBs, LCA, LCIs com taxas atreladas ao CDI. Fazem isso pois desejam um fluxo de rentabilidade estável e seguro. No entanto, como a taxa de juros ou cupom, da maioria dos títulos de renda fixa permanece a mesma até o vencimento, o poder de compra dos pagamentos de juros diminui à medida que a inflação aumenta.
Simples perceber isso, mas nem todos se atentam. Se seus investimentos estão alocados em 100% CDI, hoje o retorno é de 3,4% ao ano, mas o acumulado de 12 meses é de 2,21%. Já a inflação em 12 meses está em 6,76%. Isso quer dizer que seus investimentos renderam aproximadamente -4,55%!
Por causa do impacto da inflação, a taxa de juros sobre um título de renda fixa pode ser expressa de duas maneiras:
A taxa de juros nominal, ou declarada, é a taxa de juros de um título sem nenhum ajuste pela inflação. A taxa de juros nominal reflete dois fatores: a taxa de juros que prevalece se a inflação fosse zero (a taxa real de juros, abaixo), e a taxa de inflação esperada, que mostra que os investidores exigem compensação pela perda de retorno devida à inflação. A maioria dos economistas acredita que as taxas de juros nominais refletem as expectativas do mercado para a inflação (entre outros fatores): o aumento das taxas de juros nominais indicam que a inflação deve subir, enquanto as taxas em queda indicam que a inflação deve cair.
A taxa de juros real de um ativo é a taxa nominal menos a taxa de inflação. Para levar a inflação em consideração, a taxa de juros real é mais indicativa do crescimento do poder de compra do investidor. Se um título tem uma taxa de juros nominal de 5% e a inflação é de 2%, a taxa de juros real é de 3%.
Fora da renda fixa existem outros ativos que possuem uma correlação positiva com a inflação. Seus preços sobem junto.
Ações geralmente têm sido um bom investimento em relação à inflação no longo prazo, porque as empresas podem aumentar os preços de seus produtos quando seus custos aumentam em um ambiente inflacionário. Preços mais altos podem se traduzir em ganhos mais altos. No entanto, em períodos de tempo mais curtos, as ações frequentemente mostraram uma correlação negativa com a inflação e podem ser especialmente prejudicadas por uma inflação inesperada.
Quando a inflação sobe repentina e inesperadamente, pode aumentar a incerteza sobre a economia, levando a previsões de lucros mais baixas para as empresas e preços de ações mais baixos.
Ativos imobiliários, como commodities e imóveis, tendem a ter uma relação positiva com a inflação. Muitas vezes são até a causa da inflação. Os futuros de commodities, que refletem os preços esperados no futuro, podem, portanto, reagir positivamente a uma variação para cima na inflação esperada.
A inflação pode estar além do seu controle, mas isso não significa que você não possa tomar medidas para ajudar a preservar seus investimentos e economias de seus efeitos.