O Mapa da Água, divulgado nesta segunda-feira (7), aponta que a água fornecida para a população de Ribeirão Preto conta com substância acima do indicado para saúde humana, o que pode aumentar os riscos de doenças crônicas, como o câncer.
O levantamento foi realizado em municípios de todo o País e conta com dados disponibilizados pelo Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para o Consumo Humano), do ministério da Saúde.
As análises estão disponíveis no site do ministério da Saúde e foram compilados pela organização Repórter Brasil, a partir de classificações dadas a cada substância por órgãos reguladores, como a OMS (Organização Mundial da Saúde).
O mapa informa que foi detectado Nitrato acima do limite de segurança na água de Ribeirão Preto no período entre 2018 e 2020. Segundo a OMS, a substância é classificada como “provavelmente cancerígena” para humanos.
O Nitrato é utilizado na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e pela indústria farmacêutica. Os organizadores do mapa informam que foram localizadas outras 32 substâncias com potencial cancerígeno, mas dentro do limite de segurança.
Além disso, 30 substâncias que também podem gerar outros riscos. Contudo, todos também estão dentro do limite de segurança para saúde.
De acordo o professor Marcelo Pereira de Souza, da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto, essa substância pode ter chegado até a água de duas formas: vazamentos de esgoto nos corpos d’água da cidade ou contaminação por fertilizantes utilizados em plantações.
“É muito comum mundo a fora por conta de esgoto mal cuidado”, disse Marcelo. “É preciso ter um sistema eficiente de coleta de esgoto e em Ribeirão Preto é muito ruim”, pontua o especialista, que acredita que o problema deve servir de alerta para o poder público.
Outro lado
A Saerp (Secretaria de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) disse que a presença de Nitrato foi detectada em uma análise entre 2018 e 2020 em um único poço, o que pode variar conforme a época do ano.
No entanto, afirma que após a captação, a água se dilui no sistema de abastecimento, diminuindo consideravelmente a concentração do material, ficando sempre dentro da normalidade. “Em análise feita recentemente, o índice se encontra dentro dos padrões estabelecidos pelo ministério da Saúde”, informa.
“Além disso, a Saerp realiza a coleta da água nos poços de distribuição para análise laboratorial semanalmente, conforme estabelece a Portaria nº 888/21 do Ministério da Saúde, o que garante à população de Ribeirão Preto água de qualidade”, completa.
