A Botafogo S/A, empresa que administra o futebol do Botafogo, viu seu prejuízo acumulado saltar de R$ 21,4 milhões em 2020 para 30,8 milhões no ano passado. Os números constam em relatório feito por uma auditoria independente.
VEJA TAMBÉM: Projeto oferece aulas de vôlei em Ribeirão Preto; Confira
A Botafogo S/A é composta pelo Botafogo Futebol Clube (BFC), que detém 60% das ações, numa sociedade com a Trexx Sports, do empresário Adalberto Baptista, responsável pelos outros 40%. Fundada em 2018, a empresa teve sua capacidade operacional questionada no relatório (veja abaixo).
Explicações
Em um ano, a S/A viu sua receita líquida despencar mais do que pela metade – caiu de R$ 15,1 milhões para R$ 7,4 milhões em 2021. Entre os principais motivos estão fatores como a redução nas cotas de participação – clube foi rebaixado da Série B naquele ano -, baixa na arrecadação de sócio-torcedor e nenhuma venda de atletas.
Os impactos da pandemia também fizeram a arrecadação de jogos diminuir 77,8%. A empresa, que ainda explora comercialmente a Arena Eurobike, também viu diversas apresentações serem remarcadas no estádio. Em contrapartida, os custos e despesas pouco se alteraram, chegando a R$ 23,8 milhões.
“Houve redução significativa nas receitas operacionais de bilheteria, sócio-torcedor, publicidade e patrocínio. Adicionalmente, a companhia esteve proibida de explorar a arena em seu primeiro e segundo ano de plena atividade, impossibilitando a realização de receitas de shows e eventos inicialmente contratados”, consta no balanço.
Pode acabar?
O relatório também aponta que a dívida da S/A caiu de R$ 50,7 milhões para R$ 49,9 milhões em 2021. O patrimônio líquido ficou negativado em R$ 10,8 milhões. No documento, a capacidade operacional da S/A foi colocada em xeque.
“Também existe um elevado grau de dependência financeira da companhia com a sua acionista Trexx Sports (…) Esses eventos ou condições (…) indicam a incerteza significativa, que pode levantar dúvida significativa quanto á capacidade de continuidade operacional da Companhia”, diz o relatório.
Para o economista Marcelo Botelho, da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) de Ribeirão Preto, a situação da empresa se caracteriza como “insolvência técnica” – quando há mais dívidas do que ativos para o pagamento desses débitos.
Segundo ele, caso não haja uma readequação financeira, o desfecho pode ser a falência. “Você tem uma situação que é delicada. No momento atual, a Botafogo S/A entra no que a gente chama de insolvência técnica. Não quer dizer que já quebrou. Insolvência técnica não é uma insolvência de fato. Ela [empresa] tem essa vantagem de ter essa relação com a Trexx, que é uma empresa do grupo de investidores e está dando esse suporte financeiro”, concluiu.
Procurada, a assessoria de comunicação da empresa informou que todas as informações constam no relatório da auditoria.
Bom início
Se fora de campo a situação é delicada, nos gramados o cenário é mais otimista para a torcida botafoguense. O clube venceu os dois primeiros jogos e aparece na liderança da Série C do Campeonato Brasileiro. Na terceira rodada, a equipe visita o Brasil de Pelotas, no sábado (23), às 11h, no Rio Grande do Sul.