BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As eleições desta segunda (1º), no Congresso podem recolocar o bloco conhecido com Centrão no comando da Câmara dos Deputados. O grupo foi montado por Eduardo Cunha (MDB-RJ) em 2014 e, atualmente, é responsável pela base de sustentação do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Apoiado pelo presidente da República, Arthur Lira (PP-AL) é o favorito na disputa e tem o papel de líder do Centrão.
O principal concorrente vem de Ribeirão Preto. É Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara e adversários de Bolsonaro. Até o início de janeiro, Baleia aparecia como favorito, mas a candidatura foi desidratada pelos movimentos do Governo Bolsonaro.
No Senado, o favoritismo é de Rodrigo Pacheco (DEM-RJ), que não integra o Centrão, mas teve a candidatura costurada pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com o apoio do bloco. Sua principal rival é a emedebista Simone Tebet (MS).
O flerte entre Centrão e governo virou relacionamento sério no início da pandemia, quando Bolsonaro precisou negociar cargos com partidos como PP, PL e Republicanos para barrar a possibilidade de um impeachment.
Independentemente do resultado, a aliança Bolsonaro-Centrão enterrou de vez o discurso do presidente da República, explorado à exaustão na campanha eleitoral, de que não se renderia ao que chamava de velha política do “toma lá, dá cá”.
Bolsonaro tem dito ainda acreditar que, com Lira, a chamada pauta de costumes deve avançar na Câmara, otimismo que não é compartilhado por assessores presidenciais. No passado, Lira já disse que ela não é prioridade e, em conversa reservada na semana passada, reafirmou a opinião.
Por causa disso, o líder do Centrão não deve receber o voto, pelo menos no primeiro turno, de todos os deputados bolsonaristas. Alguns deles têm afirmado em caráter reservado que votarão em nomes avulsos, como Fábio Ramalho (MDB-MG).
Já a equipe econômica espera que, antes de 2022, ano eleitoral, o Legislativo aprove as reformas administrativa e tributária. A primeira, como tem salientado Lira, é a sua prioridade. A segunda, contudo, enfrenta dificuldades.
Para aliados de Lira, o ideal é que ela seja reiniciada, com a mudança do atual relator, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que apoia a candidatura de Baleia. E que novos mecanismos sejam discutidos, o que deve inviabilizar uma votação neste ano.