O acidade on Ribeirão realiza nesta semana uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto nas eleições 2024. Nesta quinta-feira (26) o entrevistado foi o advogado Jorge Roque (PT) – veja o player acima.
Jorge Roque é candidato pela coligação Amor Por Ribeirão, formada pela Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B/PV), Federação PSOL/Rede, e pelo PMB. A candidata a vice na chapa é Artemizia Torres, do PSOL.
A ordem dos entrevistados foi definida de acordo com o resultado pesquisa estimulada EPTV/Quaest (SP-07293/2024) divulgada no dia de 18 setembro. Foram convidados os quatro primeiros colocados, que serão sabatinados ao vivo por 12 minutos. O candidato do DC, Matheus Coelho, que entrou na disputa após a pesquisa eleitoral, terá veiculada entrevista de 2 minutos.
No transporte público, o senhor quer implantar a tarifa zero de forma gradual. Quem seria beneficiado no início e de onde viriam os recursos?
- Quem seria beneficiado, seria a cidade inteira. Porque, se a população não tiver que gastar com transporte, ela vai gastar com comércio, ela vai poder gastar com o lazer, com cultura. Nós vamos ter menos carros circulando na cidade, porque isso vai direcionar pessoas para o transporte público. A gente sabe que já tem 116 cidades no Brasil que implementaram a tarifa zero. E, isso, dá um enorme incremento no número de passageiros. Então, a cidade como um todo que é beneficiada, principalmente se nós substituirmos a frota movida a diesel por veículos movidos à energia limpa, que é a nossa proposta, também. No nosso caso, nós não estamos nem falando de veículos elétricos somente, mas do hidrogênio verde. De ônibus movidos a hidrogênio verde, que é uma energia ainda mais limpa. Portanto, ela beneficia a cidade como um todo. De onde vai sair o recurso? Tem diversos modelos. Eu gosto muito de um que e o empregador, ao invés de pagar diretamente ao funcionário o vale transporte, se cria um fundo municipal. Lá tem esse depósito de recursos e esse fundo que viabiliza a tarifa zero. É um modelo que eu gosto. É um dos modelos que foram implementados no País e você não onera mais ainda o cofre municipal.
Em um eventual governo do senhor a tarifa zero já seria liberada para todas as pessoas?
- Nós faremos de forma gradual. Começaremos com um dia, aberto para toda a população, e depois nós iríamos implementando. Teria que fazer estudos de viabilidade.
Na parte da mobilidade, a sua proposta é desestimular o uso do carro em Ribeirão e priorizar o transporte público. Quais medidas seriam adotadas, haveria um rodízio por placas como é na Capital?
- Não, não. Não temos previsão de rodízio aqui. Isso não cabe ainda em Ribeirão. Ribeirão tem uma frota de mais de 500 mil veículos. O tarifa zero é uma das medidas. Se as pessoas não precisarem mais pagar o ônibus, elas vão usar mais o transporte público. Outra coisa é você interligar melhor e, isso está no nosso programa de governo, a rede de transporte em Ribeirão. Quando nós governamos, tinha a van do Leve e Traz, que ligava às regiões, para as pessoas não terem que ir para o Centro, para pegar outro ônibus para ir a outros destinos, o que deixa o tempo de viagem muito longo. Nós temos que encurtar isso. E a outra medida é que nós vamos ter uma frota maior de ônibus, para diminuir o tempo de espera. Nós vamos estimular, também, as ciclovias na cidade. Muita gente quer andar de bicicleta. É mais agradável e faz bem, também, para a pessoa e para o meio ambiente.
O senhor quer criar a Secretaria Municipal de Habitação. Como seria o funcionamento desta pasta?
- Ribeirão tem, aproximadamente, 50 mil pessoas vivendo em favelas. Uma cidade rica como a nossa conviver com isso é uma coisa que não é admissível. Quando nós governamos, nós conseguimos entregar 15 mil unidades habitacionais. Naquela época, o orçamento da prefeitura era bem menor, estou falando em termos relativos, e também não tinha apoio do Governo Federal. Hoje nós temos o Minha Casa, Minha Vida, além dos recursos da prefeitura. Então, nós vamos, de novo, entregar 15 mil unidades habitacionais. Com isso, a gente resolve o problema das favelas. Resolve o problema da moradia. A secretaria é para gerenciar e coordenar esse processo e que vai ser feito também por meio da Cohab. Todas as secretarias têm que trabalhar de forma integrada. E, nós temos que ter também planejamento. Por isso, que no nosso programa de governo está a criação de um instituto voltado para o planejamento, parecido com o que tem em Curitiba desde os anos 1960. Isso, nós ouvimos muito o setor, vou citar um nome aqui, o Silvio Contart nos convenceu a necessidade de ter esse instituto, além da experiência de Curitiba. Eu estive em um debate com o Gustavo Fruet, ex-prefeito de Curitiba, e ele me mostrou todos os efeitos que esse instituto de planejamento vem tendo na história de Curitiba dos anos 1960. É muito importante.
O seu plano é dobrar o atual efetivo da GCM para 400 guardas. Quanto tempo isso levaria e qual seria o principal foco de atuação?
- Hoje o custo da Guarda é R$ 50 milhões por ano. Então, se a gente dobrar, em tese, nós vamos dobrar o valor do investimento da Guarda Municipal. Nós vamos fazer isso ao longo dos quatro anos. O foco principal vai fazer a Guarda retomar a função originária dela, que é comunitária, que é estar nos postos de saúde, estar nas escolas garantindo a segurança, tanto dos estudantes, quanto dos profissionais da educação, e, nos postos também, aos pacientes e dos profissionais da saúde. Então, vai ter uma vocação comunitária, inclusive, com a volta das bases nos bairros, que é uma política que deu muito certo e eu não sei por que pararam com ela. Dava certo e desmontaram essas bases da Guarda Municipal nos bairros. Nós vamos voltar essa política.
Na saúde, o seu plano aposta na telemedicina, que oferece consultas pelo celular. O senhor acredita que essa medida é eficaz?
- Na verdade, o nosso principal programa na área da saúde é triplicar as equipes de saúde da família. Esse é o nosso principal programa e, por isso, vai ter um atendimento preventivo e, só com isso, nós vamos desafogar muito as UPAs e as UBSs. A questão da telemedicina é um assessório. Ela só complementa e, para alguns casos, ela é boa, para outros não. Ela é um assessório, que tem funcionado bem em alguns municípios e, também, na iniciativa privada. Então, por que não? É uma coisa de baixo custo e que dá atendimento 24 horas, mas não serve para tudo. O nosso principal programa na área da saúde volto a dizer, é triplicar as equipes de saúde da família e é, também, garantir que a verba pública vá só para saúde pública.
Ainda na área da saúde, o senhor quer contratar mais profissionais para as UPAs. Quando a população deverá sentir o reflexo no serviço oferecido?
- Olha, é de cara. Você abre concurso público. Hoje está faltando ortopedista, ginecologista, a questão da saúde mental, então, nem se fala, porque está muito ruim aqui na cidade. Então, é de cara. Você contrata o médico, o enfermeiro, o técnico, ele já vai começar a prestar serviço de qualidade para a população, porque vai ser por meio de concurso. Os terceirizados, infelizmente, têm contratos muito precarizados, recebem mal, então nós queremos abrir concursos públicos para garantir uma saúde de qualidade em Ribeirão Preto. Nós vamos conseguir resolver os problemas das UPAs com essas equipes de saúde da família, porque vai ter atenção primária, preventiva, e a pessoa não previa ir em uma UPA por conta de diabetes e por conta de hipertensão, que é o que mais sobrecarrega as UPAs.
O senhor quer retomar estudos para a construção do aeroporto internacional na região metropolitana de Ribeirão? Qual seria a contrapartida da prefeitura?
- Mas esse aeroporto não seria feito lá no Leite Lopes. Lá não tem condições de fazer. Isso só foi uma promessa, como foi uma promessa esse novo HC, que não tem projeto ainda para ele. Tinha um projeto, que quando nós governamos já existia, tinha até um local definido para isso, que é nas imediações de Ribeirão Preto. Isso é muito importante, porque Ribeirão é um centro de comércio. Então, se a gente tiver aqui esse centro de transporte de cargas, você melhora muito, amplia muito o comércio da cidade. É um centro de comércio, e o comércio em Ribeirão tem diminuído. Por quê? As cidades ao redor têm tido os seus próprios centros e, também, o comércio pela internet cresceu muito nos últimos anos. É, por isso, também, que nós temos que cuidar para trazer uma indústria, um polo aqui, que vai conduzir o desenvolvimento da cidade. Por isso, nós estamos propondo o polo do hidrogênio verde, que garante um desenvolvimento de longo prazo, não só para Ribeirão, mas para a nossa região metropolitana.
Qual seria a contrapartida da prefeitura para o aeroporto internacional?
- A prefeitura tem que dar as condições, mas o que que a prefeitura pode oferecer? O terreno. Aí, você tem a lei que regulamenta. Nós vamos fazer por licitação, porque, evidentemente, Ribeirão não é uma região que vai ter dificuldade em ter interessados. Porque aqui tem muito fluxo de carga de comércio e de passageiros, portanto, nós vamos fazer um processo normal de licitação. Só vamos indicar a área que vai ser e dar a infraestrutura para que tenha transporte, enfim, mobilidade até lá.
O seu plano prevê implantar um trem turístico em Ribeirão Preto. De onde viriam os recursos, qual o trajeto e como funcionaria?
- Primeiro, tenho muito orgulho de ter o apoio do Aguinaldo [Rodrigues da Silva], ex-presidente da Acirp e presidente do sindicato do turismo daqui da cidade. Nós discutimos muito a questão do turismo aqui em Ribeirão Preto. Se nós tivermos um circuito, por exemplo, da cerveja estruturado aqui, isso não é uma fonte de gastos. É uma fonte de lucro para a cidade. Porque vai atrair novos visitantes, que vão ocupar a nossa cadeia hoteleira que é boa, e que vão consumir no nosso comércio e tudo isso vai gerar renda. Isso, na verdade, você não gera custos, você gera renda para prefeitura. Turismo é uma atividade rentável se for bem explorada. Nossos museus estão fechados, precisam reabrir. As nossas atividades culturais reduziram muito. Quando a gente governou tinha uma outra dimensão. Inclusive, a Feira do Livro que foi criada por nós, estava entre as quatro maiores do País. [Sobre] o circuito, você tem muitas cervejarias em Ribeirão Preto. Muitas. Então, ele vai acompanhar as cervejarias de Ribeirão Preto. Você tem a Colorado, a Invicta, não vou falar todos os nomes, se não vou esquecer, mas vai passar pelas principais cervejarias artesanais da cidade, o que vai estimular que seja divulgado.
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