- Publicidade -
PolíticaJuiz impede nomeação de Renan para relatoria da CPI da covid

Juiz impede nomeação de Renan para relatoria da CPI da covid

Nas redes sociais, o senador Renan Calheiros afirmou que a decisão é ‘esdrúxula’ e anunciou que irá recorrer

- Publicidade -

Senador Renan Calheiros (MDB) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

 
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Justiça Federal do Distrito Federal concedeu uma decisão liminar (provisória) para impedir que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) seja nomeado o relator da CPI da Covid nesta terça-feira (27).
  

- Publicidade -

A decisão é do juiz Charles Morai, da 2ª Vara Federal do Distrito Federal, e foi proferida em uma ação popular movida pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no Congresso.
  
 
CLIQUE AQUI E LEIA MAIS NOTÍCIAS SOBRE POLÍTICA 

O juiz afirma que a decisão vale até que o senador e a AGU (Advocacia-Geral da União) se manifestem no processo. Enquanto isso, o magistrado determina que o nome de Calheiros seja impedido de ser escolhido como relator da comissão.
  

Nas redes sociais, Renan afirmou que a decisão é “esdrúxula” e anunciou que irá recorrer.   

Segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA), o mais velho do colegiado e responsável por ter marcado a data de instalação nesta terça, a primeira sessão do colegiado está mantida.
  

“Amanhã (terça) é a eleição para a escolha do presidente e do vice. Vamos fazer isso às 10h. Não muda nada. Não existe eleição para relator”, disse Otto à reportagem.   

Cabe ao presidente eleito da CPI indicar o relator — o favorito para assumir a presidência é Omar Aziz (PSD-AM).
Otto também critica a decisão da Justiça do DF.   

- Publicidade -

“É uma interferência indevida de um juiz. Isso favorece a candidatura do Renan para relator, porque é uma questão interna corporis”, afirmou Otto.
  

Na ação apresentada à Justiça, a deputada Carla Zambelli, aliada fiel a Bolsonaro, cita o fato de o filho do parlamentar, Renan Filho, ser governador de Alagoas.
  

Isso, segundo ela, reforça a “expectativa de um direcionamento dos trabalhos para o mais distante possível de seu objeto secundário (em ordem de análise, não de importância), que é a fiscalização dos recursos públicos direcionados aos entes federativos para o combate da pandemia”.
  

Na petição inicial, Zambelli também afirma que Renan responde a dezenas de processos na Justiça, prejudicando, assim, “o princípio da moralidade administrativa”.
  

“A presença de alguém com 43 processos e 6 inquéritos no STF [Supremo Tribunal Federal] evidentemente fere o princípio da moralidade administrativa”, escreveu.
  

Na decisão, o magistrado afirma que, depois de as partes terem se manifestado, irá analisar novamente o pedido de Zambelli e decidirá se mantém o impedimento de Renan ou se libera o parlamentar para relator a CPI.
  

“Determino que a União diligencie junto ao Senado da República, na pessoa do seu presidente, para que este obste a submissão do nome do ilustríssimo senhor senador Renan Calheiros à votação para a composição da CPI da Covid-19 na condição de relator, exclusivamente até a juntada das manifestações preliminares dos requeridos.”
  

O juiz deu 72 horas para Renan e a AGU se pronunciarem. O magistrado afirmou que a decisão é necessária devido à “proximidade do ato que se quer obstar” e “em prestígio ao direito de ação”, o que se “soma à iminência do esvaziamento da utilidade do processo”.
  

Bolsonaro tenta evitar que Renan assuma a relatoria da CPI. O posto é o mais importante do colegiado, uma vez que é responsável por redigir o relatório final em que são apontados possíveis crimes cometidos pelos investigados na CPI.
  

O chefe do Executivo teme que as apurações desgastem ainda mais seu governo e reforcem as críticas à condução do governo em relação à pandemia da Covid-19.
  

A CPI foi aberta por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) e tem uma composição em que os aliados do governo estão em minoria.
  

Diante do fracasso em impedir a escolha do emedebista para relator, o presidente procurou iniciar diálogo com o filho de Renan, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB).
  

O presidente telefonou na última terça-feira (20) ao chefe do Executivo alagoano, pediu que ele avisasse ao pai que buscaria contatá-lo e avaliou que o momento é inoportuno para a instalação da CPI.
  

Por meio das redes sociais, Renan afirmou que a decisão é “uma interferência indevida na liberdade de atuação do Senado” e disse que a medida foi “orquestrada pelo governo Jair Bolsonaro e antecipada por seu filho”.
  

“A CPI é investigação constitucional do Poder Legislativo e não uma atividade jurisdicional”, afirmou. Renan completou: “Nada tem a ver com Justiça de primeira instância. Não há precedente na história do Brasil de medida tão exdrúxula como essa. Estamos entrando com recurso e pergunto: por que tanto medo?”, afirmou.
  

A decisão irritou alguns integrantes do governo, para os quais o pedido de Zambelli só serviu para impedir qualquer possibilidade de diálogo entre Bolsonaro e Renan.
  

A expectativa desses governistas é de que, como a decisão pode ser revertida, o único efeito gerado por ela foi inflamar ainda mais os ânimos dos integrantes oposicionistas e independentes da CPI da Covid, que formam a maioria da comissão parlamentar.
  

Segundo assessores palacianos, Bolsonaro foi aconselhado a entrar em contato com Renan para negar que o pedido tenha partido do presidente e afirmar que se trata de uma atitude isolada da deputada do PSL, sem vinculação com o Palácio do Planalto, apesar da ligação de ambos.

- Publicidade -
Leonardo dos Santos
Leonardo dos Santos
Jornalista formado pelo Centro Universitário Barão de Mauá e egresso da Universidade de São Paulo. Cobriu as campanhas eleitorais de 2016, 2018, 2020 e 2022, e ficou de olho na passagem da seleção francesa por Ribeirão Preto na Copa do Mundo de 2014. E-mail: leonardo.santos@acidadeon.com
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Notícias Relacionadas
- Publicidade -