Neste sábado (28) se completa um mês da última enchente que causou destruição em São Carlos, deixando inclusive uma vítima fatal. Um dos pontos mais destruídos foi novamente a baixada do Centro, onde dezenas de lojas tiveram perdas irreparáveis e de valores altíssimos.
Poucas horas de chuva bastaram para que bens públicos e particulares fossem completamente destruídos. Casas alagadas, uma mulher que morreu sendo arrastada pela enxurrada, carros levados pela força da água e prejuízos incontáveis aos comerciantes. Foram 235 milímetros, e segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o maior volume de chuva daquele dia no país.
Com o nível da água baixando, logo veio a força tarefa que movimentou centenas de pessoas por dias: limpeza das vias públicas e dos estabelecimentos, retirada dos veículos que deram “perda total”, coleta dos escombros que ficaram espalhados por todos os lados – incluindo o próprio asfalto –, tudo em um cenário de muita tristeza.
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Ao longo dos dias, a vida seguiu para todos, mas muitos ainda estão em busca de uma esperança com o recomeço. E recomeço de verdade, já que em uma rápida caminhada ao Centro da cidade é possível notar que as vitrines cheias deram espaço às portas fechadas e placas de “Aluga-se”.
Um exemplo
Uma das regiões que sempre é bastante afetada é a da Avenida Comendador Alfredo Maffei, bem na rotatória. No temporal de 2020, a estátua que ficava no trecho foi levada pela enchente e não mais voltou, e na de 28 de dezembro, pedaços de asfalto se espalharam e carros se encontravam batidos em postes.
Hoje, uma grande parte dos comércios instalados na avenida já mudou do espaço, e outros fecharam definitivamente. Do lado direito da via para quem vem sentindo bairro/centro, oito lojas permanecem abertas e outras oito foram fechadas, e do lado esquerdo, mais cinco estabelecimentos abaixaram as portas.
O comerciante José Natalino Mendes é um dos que ainda persistem no local, mas já não tem mais vizinhos e compartilha o temor de outros empreendedores: de a região se tornar um deserto.
“Está tendo uma evasão muito grande, porque o pessoal monta o comércio e aí vem a enchente, quer dizer, eles tem que ir para um lugar melhor, um lugar mais alto, e aqui vai ficando vazio. Daqui a pouco vai ficar um quarteirão morto, não vamos ter mais vizinhos. É o que está acontecendo aqui, já tem várias lojas que foram embora”, comentou.
Para ele, a região é um importante polo comercial, mas está abandonado pelo poder público. “Daqui a pouco já fica uma coisa esporádica, um comércio isolado do outro, e isso não é bom para São Carlos porque nós do comércio geramos muito emprego e muito imposto também. É um centro comercial e as autoridades deviam olhar um pouco mais para nós”, completou.
*Com colaboração de Joice Starcke, da CBN São Carlos.
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