Após dois meses com mais mortes do que nascimentos, São Carlos (SP) voltou a ter taxa de crescimento vegetativo positiva em setembro. No ano, o saldo é azul, com 2.224 nascimentos e 2.016 mortes. Os dados do Portal da Transparência do Registro Civil mostram “impacto dramático” na demografia do município, afirma especialista.
As taxas de natalidade e mortalidade tiveram um ponto de inflexão no mês de julho, quando foram contados menos nascimentos (193) e mais mortes (279) na cidade. Desde então, houve tendência de aumento na quantidade de partos, com 214 em agosto e 233 em setembro, e queda nas mortes, com 222 em agosto e 183 em setembro.
No ano, o crescimento natural da população chegou a 208, o menor nível desde o começo da série histórica, em 2015. Em 2021, a taxa representa apenas 1/5 da verificada nos anos anteriores, inclusive 2020, ano com a pandemia já instalada.
Para o médico sanitarista Rodolpho Telarolli Júnior, os números de registro civil falam de maneira quantitativa o que é visto no cotidiano da área da saúde.
“É um impacto dramático da Covid na demografia, que vai marcar durante décadas a pirâmide etária que mostra como a população está evoluindo”, avalia.
Os números de nascidos em setembro, quando o município registrou 233 partos, refletem a situação vivida por São Carlos em dezembro, quando os números da pandemia apresentavam estabilidade e a cidade ensaiava a volta à normalidade.
“A situação no Estado e municípios de São Paulo e do país ficou catastrófica na época. As pessoas retardaram a decisão de ter filhos, de crescer a família. Felizmente hoje a maior parte das gestações são planejadas”, relata.
Por outro lado, o número de mortes tem apresentado redução nos últimos meses. Setembro teve o terceiro menor resultado do ano. Reflexo da pandemia, que matou sete pessoas no período, após ter chegado a 88 óbitos em junho.
Apesar da diminuição, o registro civil mostra que 2021 foi o ano mais mortal desde o começo da série histórica. Os 2.016 mortos representam acréscimo de 49% sobre o ano anterior, o já pandêmico 2020, e mesmo percentual sobre 2019.
“Só 200 pessoas nascidas além das que morreram. Arrisco um palpite que até o final do ano esse número (saldo de crescimento vegetativo) passe para 500 ou 600”, finaliza.