O assalto a um enfermeiro do Samu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cidade Aracy, em São Carlos (SP), acendeu um alerta para a falta de segurança de funcionários e munícipes. No início do ano, a unidade foi palco de outro episódio de violência envolvendo uma paciente e uma funcionária.
A ação que aconteceu na sexta-feira (8) foi violenta. Os ladrões renderam o enfermeiro, que estava mexendo no celular durante o descanso, colocaram uma faca em seu pescoço e ordenaram que ele entregasse o celular, que estava com R$ 500 na capinha. Ele não teve ferimentos graves, mas precisou passar por atendimento médico. (Veja o vídeo abaixo)
O crime assustou pacientes que buscaram por atendimento durante o sábado (9). Um morador, que não quis se identificar, acompanhava a avó de 86 anos e apontou falta de segurança em qualquer horário do dia. “Primeiro que é pouco médico para tanta gente, quartos para internar não tem nenhum separado, são todos juntos, e também acho que segurança para você deixar qualquer coisa dentro do próprio hospital,. Se deixar o celular , ele some. Pessoas que estão morando na rua vem dormir dentro do pronto atendimento. Os guardas estão aqui e não faz diferença alguma”, disse.
Ele acredita que o ambiente hospitalar é o que mais precisa desse reforço. “Acho que todo lugar precisa de segurança, é um lugar que precisa mais ainda que é o hospitalar. As vezes a pessoa perde a paciência com um familiar que seja doente, pode até acontecer um atrito entre as pessoas, e aqui é bem difícil porque eles não ligam muito”, completou.
A dona de casa Rebeca Freitas Amorim é moradora do bairro Antenor Garcia e também buscava atendimento na UPA. Ela tem um filho de 6 anos que é autista e conta que tem medo de frequentar a unidade com a criança no período noturno. “Tem guarda hoje por causa do acontecido de ontem, mas você não vê guarda, é muito difícil você ver um guarda, só o pessoal mesmo da UPA que fica aqui. Não tem segurança, com uma criança a noite sozinha você fica para o lado de dentro, porque por mais que você mora no bairro, você tem medo, a gente fica com a insegurança de sempre, de acontecer alguma coisa”, comentou.
Ela diz que uma das soluções seria colocar a Guarda Municipal durante o dia todo. “Não só em períodos curtos do dia ou quando acontecer algo, colocar o dia inteiro, até mesmo para a segurança dos funcionários e a nossa, dos pacientes”, disse.
Segundo funcionários que preferiram não se identificar, a unidade está perigosa e as equipes estão atuando sem segurança, colocando a vida de todos em risco. Eles pedem por mais atenção do poder público em relação aos problemas mencionados.
O que diz a prefeitura
O comandante da GM, Michael Yabuki, reforçou que foi ao local acompanhado do secretário de Segurança Pública, Samir Gardini, assim que teve conhecimento do caso e que todo suporte foi dado aos funcionários.
“Foi também conversado com os responsáveis gestores da unidade para que a gente analise com calma, posteriormente, e que tome as medidas necessárias para sanar algumas irregularidades, ou algumas falhas que possam ter tido na estrutura física para melhorar essa situação das pessoas que trabalham na unidade”, disse.
Yabuki reforçou que um guarda municipal estava de prontidão na unidade, mas que o fato aconteceu na parte externa da UPA e o servidor estaria na parte de cima. “O guarda foca no atendimento das pessoas que estão procurando atendimento, para poder preservar a integridade das pessoas e dos funcionários na parte de cima”, completou.
Ele também reforçou que a prefeitura estuda como será reforçada a segurança na unidade de saúde. “Isso vai ser melhor conversado posteriormente, a unidade possui também imagens do circuito interno de câmeras, porém algumas câmeras não estão com tão boa qualidade assim, e isso vai ser tudo apontado para que sejam feitas algumas melhorias nesse sentido”, concluiu.
Outros episódios
Esse não se tratou de um episódio isolado na unidade. Em 30 de janeiro, uma paciente agrediu uma funcionária e furtou seu celular, que mais tarde foi encontrado na bolsa da agressora. Na época, três pessoas foram detidas, mas ninguém foi presa.
Por conta do caso, os funcionários da unidade ameaçaram uma greve e protestaram por mais segurança nas unidades.